A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro cancelou o depoimento do general Walter Braga Netto que seria na 3ª feira (19.set.2023) e reagendou para 5 de outubro. Ele foi ministro da Casa Civil e da Defesa do governo anterior, além de candidato a vice-presidente na chapa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No lugar de Braga Netto, o colegiado marcou para 3ª feira (19.set) o depoimento de Osmar Crivelatti, ex-assessor da Presidência, braço direito de Cid e atual integrante da equipe de apoio de Bolsonaro.
Segundo a assessoria do presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA), o adiamento foi a pedido da relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que quer aguardar mais documentos ligados ao militar.
O Poder360 apurou que integrantes da comissão queriam mais tempo até o depoimento de Braga Netto, já que o militar passou a ser investigado pela Polícia Federal por suposto envolvimento em fraude durante a intervenção federal no Rio de Janeiro, em 2018. À época, o general foi nomeado interventor pelo então presidente Michel Temer (MDB). Na 3ª feira (12.set), a PF quebrou o sigilo telefônico do militar.
A PF investiga a possível corrupção ativa e passiva na compra de 9.360 coletes balísticos. Braga Netto afirma que a suposta compra dos coletes pelo GIF (Gabinete de Intervenção Federal) foi suspensa pelo próprio gabinete depois de “avaliação de supostas irregularidades nos documentos” da empresa.
O requerimento de convocação (de presença obrigatória) de Braga Netto foi aprovado em 13 de junho. Os pedidos aprovados afirmam que o general será ouvido pela CPMI para esclarecer sua suposta influência na “tentativa de golpe” e “trama golpista” do 8 de Janeiro.
Osmar Crivelatti
Osmar Crivelatti foi 1 dos alvos da operação Lucas 12:2 da PF (Polícia Federal), deflagrada em 11 de agosto. As buscas foram autorizadas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.Os agentes investigam se houve tentativa de vender presentes entregues a Bolsonaro por delegações estrangeiras. Segundo a PF, relógios, joias e esculturas foram negociados nos Estados Unidos –veja aqui as fotos dos itens e leia neste link a íntegra do relatório da PF. O suposto esquema seria comandado por Cid e Crivelatti.
No relatório, a PF menciona um “Kit Rose”, conjunto de itens masculinos da marca Chopard contendo uma caneta, um anel, um par de abotoaduras, um rosário árabe e um relógio. Os itens foram recebidos pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, depois de viagem a Arábia Saudita, em outubro de 2021.
O kit foi retirado do Brasil no fim de dezembro por meio do avião da Presidência da República, e submetido à venda, em procedimento de leilão em 8 de fevereiro de 2023 nos Estados Unidos. As joias, porém, não foram arrematadas.
Depois da tentativa frustrada de venda e com a divulgação na imprensa da existência das referidas joias, Mauro Cid e Osmar Crivelatti organizaram uma “operação de resgate” dos bens. Com a decisão do TCU para que o kit fosse devolvido ao Estado brasileiro, os investigados devolveram os itens em 24 de março de 2023 na agência da Caixa Econômica Federal, em Brasília.