A relatora da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou nesta 3ª feira (26.set.2023) que o general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), “se contradiz” e mente em seu depoimento na comissão. Na oitiva, o militar da reserva declarou que os acampamentos em frente a quartéis militares eram pacíficos e, depois, negou ter dito isso.
Congressistas aliados do governo também afirmaram que Heleno mentiu ao dizer que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), não participava de reuniões do ex-chefe do Executivo. Uma foto, de 2019, exibida por Eliziane e pelo deputado Rogério Correia (PT-MG) mostra Cid durante uma reunião de Bolsonaro e comandantes.
“Na verdade, ele se contradiz. Ele mente, claramente, ao longo do depoimento. Isso ficou claro. Inclusive, confrontamos ele”, disse a senadora.
De acordo com Eliziane, o posicionamento de Heleno indica uma “complacência” do general em relação aos atos do 8 de Janeiro. Na CPMI, o general se irritou com declarações da relatora ao ser questionado se achava que houve fraude nas eleições de 2022.
Sobre a reunião entre Bolsonaro e comandantes militares depois das eleições do ano passado, Heleno escolheu ficar em silêncio e não respondeu.
O ex-ministro minimizou a delação premiada de Mauro Cid. Segundo ele, o ex-assessor da Presidência não participava efetivamente de reuniões de Bolsonaro, mesmo quando estava presente em um encontro. Ele também negou que exista “qualquer sinal de politização do GSI” e disse “jamais” ter tratado de política com seus subordinados.
Augusto Heleno, de 75 anos, foi ministro do GSI durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e atuava como um dos conselheiros do então chefe do Executivo. Na chegada à CPMI, Heleno foi aplaudido por integrantes da oposição ao governo.
A convocação de Heleno para comparecer à comissão foi aprovada pelo colegiado em 13 de junho. Ele foi chamado à CPMI para prestar esclarecimentos sobre o suposto envolvimento indireto com os atos do 8 de Janeiro. O ministro Cristiano Zanin, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou na 2ª feira (25.set) que Heleno deveria comparecer à reunião da CPMI, mas poderia ficar em silêncio.
A decisão atendeu parcialmente ao pedido de habeas corpus feito pela defesa do general da reserva, que solicitou que o militar pudesse se recusar a comparecer à CPMI.