O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convidando o chefe do Executivo brasileiro para participar da sua posse, com data marcada para 10 de dezembro. O convite foi entregue ao governo brasileiro pela futura chanceler da Argentina, Diana Mondino, que esteve em Brasília neste domingo (26.dom.2023) para encontro com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
No documento, Milei fala na “construção de laços” com o governo brasileiro. “Ambas as nações têm muitos desafios pela frente e estou convencido de que uma mudança econômica, social e cultural, com base nos princípios da liberdade, vão nos posicionar como países competitivos nos quais os seus cidadãos poderão desenvolver ao máximo suas capacidades e, assim, escolher o futuro que desejam”, diz o texto.
Leia a íntegra da carta (tradução abaixo):
Eis a íntegra da tradução da carta enviada por Javier Milei a Lula:
“Estimado sr. presidente:
“Faço com que chegue esta mensagem com o objetivo de lhe transmitir o convite para se juntar a mim, no próximo dia 10 de dezembro, nos eventos que acontecerão aqui por ocasião da minha posse presidencial.
“Sei que você conhece e valoriza plenamente o que significa este momento de transição para o percurso histórico da República da Argentina, do seu povo e, naturalmente, para mim e para a equipe de colaboradores que me acompanhará na próxima gestão do governo.
“Ambas as nações têm muitos desafios pela frente e estou convencido de que uma mudança econômica, social e cultural, com base nos princípios da liberdade, vão nos posicionar como países competitivos nos quais os seus cidadãos poderão desenvolver ao máximo suas capacidades e, assim, escolher o futuro que desejam.
“Sabemos que os nossos dois países estão intimamente ligados pela geografia e história e, a partir disso, desejamos seguir compartilhando áreas complementares a nível de integração física, comércio e presença internacional que permitam que toda essa ação conjunta se traduza, para os 2 lados, em crescimento e prosperidade para argentinos e brasileiros.
“Desejo que nosso tempo juntos como presidentes e chefes de governo seja uma etapa de trabalho frutífera e de construção de laços que consolidem o papel que Argentina e Brasil podem e devem desempenhar na comunidade internacional.
“Na esperança de encontrá-lo nesta próxima ocasião, aceite minhas saudações com estima e respeito,
“Javier Milei”.
AVAL PARA ACORDO UE-MERCOSUL
Na reunião deste domingo (26.nov), os chanceleres discutiram as relações bilaterais entre os países e as negociações do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. A futura chanceler que deve apoiar o prosseguimento das negociações para finalizar o acordo “o quanto antes”.“Antes que me perguntem, estamos conversando sobre a importância que tem de assinar o Mercosul quanto antes. Mercosul-União Europeia e eventualmente com outros países, como Singapura”, declarou a jornalistas depois de se reunir com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
Imagens do encontro foram publicadas nas redes sociais pelo Itamaraty e também pela futura chanceler.
Brasil x Argentina
A eleição de Javier Milei, em 19 de novembro, trouxe preocupações a respeito do futuro das relações bilaterais Brasil-Argentina.Em 8 de novembro, Milei chamou Lula de “comunista” e “corrupto”. Disse que, na presidência, não se reuniria com o brasileiro. Também acusou Lula de interferir na campanha eleitoral argentina e de financiar parte dela. Depois de eleito, contudo, moderou o discurso. Disse que Lula seria “bem recebido” se quisesse ir à sua posse.
O petista torcia pela vitória do peronista Sérgio Massa, que saiu derrotado. Neste ano, Lula recebeu Alberto Fernández 5 vezes e encontrou-se com Massa duas vezes.
Em entrevista ao Globo publicada na 2ª feira (20.nov), o assessor-especial da Presidência, Celso Amorim, disse achar “muito difícil” que Lula vá à posse de Milei, mas afirmou que o país será representado no evento.
Bolsonaro, por outro lado, já foi convidado pelo libertário em uma chamada de vídeo e confirmou presença. Além da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ele levará o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto, e o ex-secretário de Comunicação e atual assessor de Bolsonaro, Fábio Wajngarten.
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