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Em Cuba, Lula discute agenda emergente para Sul Global

Publicado 16.09.2023, 05:55
© Reuters.  Em Cuba, Lula discute agenda emergente para Sul Global

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne com mais de 100 nações em desenvolvimento em Havana neste sábado (16.set.2023). O chefe do Executivo brasileiro participará da cúpula de líderes do G77, com a participação da China como convidada. Além do evento, terá uma reunião bilateral com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, em que aproveitará para retomar as relações diplomáticas com o país caribenho.

Com o objetivo de reposicionar o Brasil no cenário internacional, Lula fez um périplo pelas principais cúpulas que reuniram os países mais ricos e em desenvolvimento, como o G20 na Índia, o Brics na África do Sul, e a Celac-União Europeia em Bruxelas. Agora, o chefe do Executivo brasileiro quer acenar às nações mais pobres, concretizando seu discurso de que a parte rica do planeta precisa ajudar a parte pobre.

Lula chegou à capital cubana na 6ª feira (15.set.2023) por volta das 18h20 e participou de um jantar oferecido por Díaz-Canel aos chefes de Estado e de Governo que chegaram ao país. Ele se hospedou no hotel Meliá Havana.

Ele havia deixado Brasília às 12h20. Seguirá para Nova York (EUA) no fim da tarde deste sábado (16.set), onde participará na semana que vem da 78ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).

O presidente brasileiro será o 1º a discursar no G77 + China. O evento será realizado no Palácio de Convenções de Havana. De acordo com diplomatas envolvidos na preparação da viagem, Lula deverá falar sobre assuntos que já apresentou em outros fóruns internacionais:

  • a reformulação de organismos internacionais, como a ONU;
  • a expansão do Conselho de Segurança do órgão;
  • a renegociação de dívidas com o FMI (Fundo Monetário Internacional) com o foco em investimentos para que os devedores possam gerar riqueza e pagar seus débitos;
  • a cobrança por mais recursos para a resolução dos problemas climáticos.
Ao voltar dos Estados Unidos na próxima semana, o presidente completará 56 dias fora do Brasil. São quase 2 dos 9 meses de mandato. Com isso, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) terá a mesma quantidade de dias no comando do país como presidente interino.

A data de retorno do petista ainda é incerta. Deve ser na próxima 5ª ou 6ª feira (21-22.set). Essas serão a 14ª e 15ª viagem internacional de Lula desde que o petista tomou posse. Em todas as viagens ao exterior, a primeira-dama Janja Lula da Silva acompanhou o chefe do Executivo.

Além de Janja Integram a comitiva de Lula a Cuba:

  • Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores;
  • Nísia Trindade, ministra da Saúde;
  • Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e
  • Agricultura Familiar;
  • Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação;
  • Jaques Wagner, líder do Governo no Senado
  • Federal;
  • Celso Amorim, assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência.
Lula também terá um encontro bilateral com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel. Dentre os temas a serem discutidos está o embargo econômico imposto por alguns países aos cubanos, em especial, os Estados Unidos e a dívida que o país caribenho tem de US$ 538 milhões (cerca de R$ 2,6 bilhões), por causa do financiamento que fez com o Brasil para a construção do Porto de Mariel. Discutirão também ações de cooperação técnica e econômica em setores como biofarmacêutica e energias renováveis.

Cúpula do G77

O tema definido para esta edição é: “Os desafios atuais para o desenvolvimento: o papel da ciência, da tecnologia e da inovação”.

Dentre as prioridades, estão:

  • economia e finanças;
  • cooperação e transferência de tecnologia;
  • erradicação da fome e da pobreza;
  • defesa da reforma da governança financeira internacional.
De acordo com Luciano de Andrade, diretor do departamento de ciência e tecnologia do Itamaraty, a aceleração dos avanços tecnológicos nos países mais ricos pode aumentar as diferenças entre as demais nações. Por isso, as discussões deste ano devem girar em torno dos desafios para o desenvolvimento dos integrantes do grupo.

Outro tema que deve ser discutido é o aprimoramento da cooperação sul-sul e dos principais processos de negociação globais nos organismos multilaterais. O grupo também pretende discutir a reforma dos sistemas de governança financeira internacional.

Para Andrade, o bloco dá aos países em desenvolvimento maior poder de barganha diante dos países mais ricos e com mais influência geopolítica.

O encontro é também uma oportunidade política para que Lula reforce seu discurso de maior participação dos países do Sul Global em instâncias de decisão internacionais. Desde que voltou ao poder, em seu 3º mandato, o presidente tem defendido a reforma de organismos multilaterais, em especial a ONU, para que países em desenvolvimento tenham mais voz nas discussões.

A declaração final do encontro, que deverá ser divulgada no sábado, foi negociada na íntegra por representantes dos países em Nova York (EUA) e foi aprovada formalmente pelas delegações no início da semana.

Dentre outros pontos, ficou decidido que o dia 16 de setembro será o Dia da Ciência e Tecnologia nos países do bloco, e que os ministros que tratam sobre o tema em cada nação deverão se reunir a cada 3 anos.

O G77 foi criado em 1964 por 77 países em desenvolvimento que assinaram a “Declaração Conjunta dos 77 Países em Desenvolvimento”, emitida ao final da 1ª sessão da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) em Genebra. A 1ª reunião do G77 foi em Argel, na Argélia, em 1967.

Atualmente, 134 países integram o grupo, mas o nome original foi mantido pelo seu significado histórico. O próximo país a assumir a presidência do bloco será Uganda.

No fim de sábado, Lula embarcará para Nova York (EUA), onde discursará na 3ª feira (19.set.2023) na abertura da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). O presidente retornará ao Brasil no dia 22.

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