O terremoto que atingiu a região central do Marrocos na 6ª feira (8.set.2023) foi o mais forte na região desde 1969. O epicentro registrado na cidade de Marrakech marcou 6,8 pontos na escala Richter e já deixou mais de 1.000 mortos. A região não costuma ter abalos sísmicos dessa magnitude.
Em entrevista ao Poder360, o professor do Centro de Sismologia da USP (Universidade de São Paulo) George de França explicou que o terremoto é classificado como “intraplaca”, uma vez que se deu em uma região estável, ou seja, longe do limite entre as placas tectônicas. O Marrocos está 550 km ao sul do limite entre a placa da África da Eurásia.
Segundo o professor, a profundidade do abalo sísmico também pode ser um indicador de letalidade, uma vez que quanto mais superficial, maior é o impacto. No caso do terremoto de 6ª feira (8.set), o tremor foi 18,5 km abaixo da superfície.
“Esse é um terremoto raso e a causa é exatamente a liberação energia em regiões frágeis, não estão frágeis como no limite de placa, mas que tem mobilidade e se movimentam também”, explicou França.
Por ter sido registrado em uma área longe do limite interplaca, o dano causado pelo impacto tende a ser maior. “Quando acontecem terremotos de magnitudes dessa proporção [em regiões estáveis] ele tem um dano muito parecido com os de magnitudes 8 ou 9 em regiões de limite de placa”, disse o especialista.
De acordo com George de França, o abalo sísmico no Marrocos equivale ao impacto de 32 bombas atômicas que atingiram Hiroshima (Japão) durante a 2ª Guerra Mundial. “Esse terremoto agora, se for comparar com bombas atômicas, é equivalente a mais ou menos 30 ou 32 bombas atômicas, de modo geral”, explicou o professor da USP.
Para os próximos dias, o professor afirma que é possível haver novos terremotos, mas em magnitudes menores. “Podemos esperar réplicas, com tremores certamente em magnitudes menores [do que o tremor inicial] e devem acontecer em uma frequência de uma a duas semanas”, disse França.