O marqueteiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022, Sidônio Palmeira, disse considerar que a esquerda está “perdendo” a disputa com a direita por público e espaço nas redes sociais. Em entrevista ao Estado de S. Paulo divulgada no sábado (25.nov.2023), o publicitário disse ainda condenar o uso dos “memes” e das fake news como estratégia de comunicação.
Sidônio falou também sobre a atuação do deputado André Janones (Avante -MG) durante as eleições. Disse que o considera “sensacionalista“, mas que ações “não tem nada a ver com fake news”. Também admitiu que a estratégia do deputado contribuiu para a vitória de Lula. Janones usou frequentemente memes e informações falsas para promover o petista.
“Ele tem uma característica de ir mais para o embate, de uma forma mais sensacionalista que acaba chamando mais a atenção das pessoas. Não tenho dúvida que isso contribui. […] Isso está longe e não tem nada a ver com fake news. A campanha foi propositiva. O Janones tem o estilo dele, de defender as ideias no jeito dele, de polemizar e de enfrentar o adversário, e contribuiu da sua forma”, afirmou.
Quanto à estratégia política nas redes, o publicitário disse ser a favor do uso da criatividade nas campanhas, sem esvaziar os debates e apelar para mentiras. “A fake news é muito mais interessante do que a verdade, porque a verdade é uma mera constatação da realidade, enquanto que com a mentira se pode desenvolver a imaginação. O problema da mentira é a ética, o sofrimento que ela causa, o ódio que ela gera”, afirmou.
Questionado sobre se a esquerda tem condições de equilibrar a disputa com a direita nas redes, Sidônio disse: “Acho que estamos perdendo, mas em alguns momentos durante a campanha [de Lula em 2022] a gente bateu [os demais candidatos] nessa área. É preciso ter também as pessoas, porque eles têm militantes de rede, digamos assim, com o hábito de trabalhar nas redes sociais”.
Lula & Redes
O Planalto anunciou nesta semana que a live semanal de Lula, chamada de “Conversa com o Presidente”, fará uma pausa para as festas de fim de ano e terá seu formato e periodicidade reavaliados para 2024. Segundo apurou o Poder360, mesmo com as baixas audiências registradas, o programa tem cumprido seu papel em pautar a imprensa e criar cortes curtos para viralizar nas redes sociais.
No entanto, a avaliação da equipe de Lula agora é de que os algoritmos das redes mudaram e o formato de live como é feito não rende tanto.
A comunicação de Lula tem tentado apostar em momentos mais descontraídos para passar as mensagens que o governo quer. Com menos lives no formato de 2023, é possível que vídeos como este sejam cada vez mais comuns nas redes do presidente. Seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), era conhecido por seus passeios por Brasília, que produziam milhares de vídeos com frases espontâneas para serem disseminadas pelas redes sociais bolsonaristas.
O resultado da audiência das lives de Lula é tímido quando comparado com as transmissões de Bolsonaro durante o governo dele, de 2019 a 2022. O ex-presidente falava ao vivo tradicionalmente às quintas-feiras, às 19h, e o seu principal canal de transmissão era a sua página no Facebook (NASDAQ:META).
Nas lives de Lula, apesar de o formato ser o de uma entrevista informal, a impressão é de que há um roteiro a ser seguido.