(Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhará ao longo deste ano ao Congresso Nacional propostas para que quem atualmente não paga impostos no Brasil passe a pagar.
Em entrevista coletiva em Brasília para detalhar a proposta de novo arcabouço fiscal que será encaminhada ao Parlamento, Haddad disse que existem setores da economia que, ao longo dos anos, foram excessivamente beneficiados com incentivos tributários sem em troca gerar o resultado esperado para a economia.
"Nós temos que fazer quem não paga imposto pagar. Nós temos muitos setores que estão demasiadamente favorecidos com regras que foram sendo estabelecidas ao longo das décadas e que não foram revistas por nenhum controle de resultado", disse o ministro aos jornalistas.
"Nós vamos, ao longo do ano, já começando na semana seguinte à apresentação do arcabouço, encaminhar ao Parlamento as medidas saneadoras que vão dar consistência para o resultado previsto neste anúncio", acrescentou.
O ministro disse que os setores da economia que, avalia, estão muito beneficiados por incentivos tributários ou aqueles novos que sequer estão regulamentados serão revistos para "fechar os ralos daquilo que a gente chama de patrimonialismo brasileiro".
"Vamos ter que enfrentar a agenda contra o patrimonialismo e acabar com uma série de abusos que foram cometidos contra o Estado brasileiro, contra a base fiscal do Estado brasileiro ao longo dos anos", afirmou.
Segundo Haddad, essas "medidas saneadoras" devem gerar entre 100 bilhões e 150 bilhões de reais até o final deste ano e servirão para cobrir o que chamou de "buraco" que ele aponta que o governo Lula herdou da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu e Bernardo Caram)