O presidente da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), criticou a falta de um plano de corte de gastos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entrevista ao Poder360. Nas palavras do congressista, o governo “só quer arrecadar, não cortar gastos”.
“Os sinais que o governo está dando é que não há essa vontade. A vontade está mais para arrecadar. Nesse período só teve aumento de impostos. Aumentar a arrecadação só com aumento de impostos não é justo. Também não é normal”, afirmou Vanderlan.
“O que estamos vendo é uma pressão para o aumento de gastos”, completou o congressista.
Desde o ano passado o senador cobra da gestão petista que haja um plano de corte de gastos do governo federal. Foi na CAE que no ano passado foram pautados por Vanderlan temas de importância máxima para o Planalto de aumento de arrecadação, como a taxação das apostas esportivas e dos fundos exclusivos.
O congressista diz que a condução da pauta econômica pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi “implacável”, mas que é preciso “fazer o dever de casa”.
“A condução foi excelente pelo ministro. Tanto que pautas difíceis, como o voto de qualidade do Carf, foram aprovadas. O governo precisa fazer o dever de casa”, declarou.
Vanderlan afirmou que o “governo não pode reclamar de nada do Congresso”, porque tudo que queria foi aprovado em 2023.
“Tudo que o governo mandou praticamente foi aprovado no que diz respeito a pauta econômica. O governo não pode reclamar do Congresso em hora nenhuma. Teve tudo aprovado”, disse.
REGULAMENTAÇÃO DA REFORMA TRIBUTÁRIA
O Congresso está na expectativa do início das discussões em torno da regulamentação da reforma tributária. Alguns congressistas veem o tempo correndo e a ameaça de que os projetos que regulamentam a reforma fiquem para 2025. O motivo é a eleição municipal em outubro. No 2º semestre o Congresso deve quase paralisar os trabalhos.
Vanderlan disse ser possível aprovar tudo em 2024, mas defendeu que os textos sejam melhor discutidos antes de serem enviados pelo Ministério da Fazenda ao Congresso. A previsão de Haddad era enviar até o fim deste mês. O presidente da CAE avaliou que há “uma pressa que pode não ser boa”.
“Creio que precisa de mais discussão sobre o que vai mandar. A gente está vendo o ministro apressado. E é natural. Porque precisa fazer, precisa acontecer as coisas. Mas às vezes sem muita discussão, quando chega no Congresso, se for pegar ali para discutir todos os pontos, pode ser que demore mais do que se fosse discutido melhor antes”, afirmou.
Para o congressista, “perder mais tempo no projeto” pode fazer com que a execução seja “mais rápida e sem problemas”.
Na sua avaliação, um dos temas que devem causar mais discussões será os itens que vão entrar no chamado “imposto do pecado”, que deverá incidir sobre bens e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
“Existe preocupação com o imposto do pecado. A meu modo de ver, qualquer produto que se consumir muito, ele faz mal. Então se for levar ao pé da letra, nós vamos ter aumento de imposto. E aumento de imposto significa aumento de inflação”, declarou.
PERSE
O senador se posicionou contra o fim do Perse (Programa Emergencial de Recuperação do Setor de Eventos), que era inicialmente a ideia do governo, principalmente do ministro Haddad. No entanto, Vanderlan defendeu que o programa passe a ter mais regras rígidas.
“Em hipótese alguma acabar com o programa. O setor de eventos foi o mais atingido na pandemia. Tem que ser revisto, com alguns critérios, como o governo está propondo”, declarou.
“Tem que ter limite. Nós não podemos ter qualquer programa, não só o Perse, sem limites. Da forma que está hoje, está sem limites”, admitiu.
ELEIÇÕES MUNICIPAIS
O presidente da CAE afirmou na entrevista que deve lançar sua pré-candidatura a prefeito de Goiânia ainda neste mês. Em pesquisas eleitorais, desponta em 1º lugar nas pesquisas estimuladas. Ele já disputou o mesmo cargo em 2016 e 2020, mas não foi eleito.
Segundo o congressista, depois de 5 de abril, quando acabar a janela partidária, ele iniciará as articulações para formar uma chapa e agregar partidos em torno da sua candidatura.
ELEIÇÕES NO SENADO EM 2025
Apesar de faltar quase 1 ano para a troca de comando do Senado, a disputa já está sendo feita internamente na Casa Alta. O presidente Rodrigo Pacheco (PSD-GO) não pode se reeleger, pois já foi eleito duas vezes seguidas. Pacheco quer o apoio do PSD, seu partido e o maior do Senado, com 15 senadores, a Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). No entanto, uma ala do partido defende a candidatura própria pelo tamanho da bancada. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) se põe como opção do partido.
Na avaliação de Vanderlan, é muito cedo para falar na disputa. No entanto, ele admitiu na entrevista que há ambos os movimentos no partido e que Alcolumbre já se movimenta por apoio. O congressista disse que muitas articulações serão feitas até fevereiro de 2025, quando será realizada a eleição, para saber se o PSD terá ou não candidatura própria.