O ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) general Augusto Heleno usou o direito ao silêncio durante depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do 8 de Janeiro nesta 3ª feira (26.set.2023) ao ser questionado se estava na suposta reunião de Jair Bolsonaro (PL) com comandantes das Forças Armadas depois das eleições. Na ocasião, teria sido discutido um plano de golpe de Estado.
O ministro Cristiano Zanin, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou na 2ª feira (25.set) que Heleno deveria comparecer à reunião da CPI, mas poderia ficar em silêncio. A decisão atendeu parcialmente ao pedido de habeas corpus feito pela defesa de Heleno, que solicitou que o general pudesse se recusar a comparecer à CPI.
Na comissão, o deputado Rubens Pereira Jr. (PT-MA) questionou se Heleno participou da reunião com os comandantes da Marinha, Aeronáutica e Exército para “tratar da tentativa de um golpe de Estado”. A resposta de Heleno: “Vou me manter em silêncio”.
Pereira fez referência às informações divulgadas sobre a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Segundo reportagens do jornal O Globo e do portal de notícias UOL, o ex-chefe do Executivo teve uma reunião em 2022, depois do 2º turno das eleições, com a cúpula das Forças Armadas para discutir uma minuta sobre intervenção militar.
Mais cedo, também durante a CPI, general Heleno minimizou a delação premiada de Cid, homologada pelo STF.
“Quero esclarecer que o tenente-coronel Mauro Cid não participava de reuniões. Ele era ajudante de ordens do presidente da República. Não existe essa figura do ajudante de ordens sentar em uma reunião dos comandantes de Força e participar da reunião. Isso é fantasia. A mesma coisa é essa delação premiado aí ou não premiada”, disse.
Durante a sessão, Heleno também ficou em silêncio ao ser questionado se as Forças Armadas deveriam interferir na democracia brasileira. E calou-se sobre a suposta reunião de Bolsonaro com o hacker Walter Delgatti Netto, conhecido pela “Vaza Jato”.
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HELENO NA CPI
Heleno, de 75 anos, foi ministro do GSI durante o governo do presidente Jair Bolsonaro e atuava como um dos conselheiros do então chefe do Executivo. Segundo ele, é “bobagem” pensar que mensagens trocas por Cid pudessem influenciar e “arrastar uma multidão de generais”.
No depoimento, Heleno também negou que exista “qualquer sinal de politização do GSI” e disse “jamais” ter tratado de política com seus subordinados. “Não ficou ‘DNA bolsonarista’ do general Heleno [no GSI] porque eu jamais tratei de política com os meus servidores”, disse.
Na chegada à CPI, Heleno foi aplaudido por integrantes da oposição o governo.