BRASÍLIA (Reuters) -Nova pesquisa Ipec divulgada nesta segunda-feira manteve o cenário de estabilidade para a disputa do segundo turno da eleição presidencial, apontando os mesmos índices de intenção de voto tanto para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 50%, quanto para o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), com 43%.
Os votos brancos e nulos também permaneceram em 5%, e os indecisos seguem em 2%.
Considerados os votos válidos, em que os brancos, nulos e indecisos são excluídos da conta, o Ipec mostrou o petista com 54% contra 46% do atual presidente, mesmo placar da semana passada. Lula venceu o primeiro turno no início do mês com 48,43% dos votos válidos contra 43,20% do atual presidente.
Como as entrevistas foram realizadas entre sábado a esta segunda-feira, a parte final da pesquisa foi conduzida após a prisão no domingo do ex-deputado Roberto Jefferson, aliado de Bolsonaro.
Jefferson se entregou depois de várias horas de negociação, após resistir inicialmente a uma ordem de prisão lançando mão de tiros de fuzil e granadas, que feriram dois agentes da Polícia Federal que cumpriam mandado expedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
O episódio levou a campanha de Bolsonaro a montar uma operação de guerra no domingo para descolar o candidato à reeleição de Jefferson, a partir de declarações condenando as ações do ex-deputado e presidente de honra do PTB, segundo duas fontes ouvidas pela Reuters.
A menos de uma semana da eleição, a pesquisa Ipec divulgada nesta segunda apontou que 93% dos eleitores já definiram seu voto, mesmo percentual da semana passada.
No tópico rejeição, o levantamento mostrou o atual presidente com 47%, ante 46% na semana passada, enquanto 41% disseram que não votariam de jeito nenhum em Lula, o mesmo patamar da semana anterior.
O levantamento apontou ainda que Lula se destacou entre os eleitores de 16 a 24 anos. Nesse segmento, o petista passou de 53% a 59% da preferência. Bolsonaro, por outro lado, caiu de 40% para 34%.
O resultado pode ter relação com o episódio em que o presidente sugeriu em entrevistas que adolescentes imigrantes venezuelanas seriam prostitutas -- o mandatário pediu desculpas depois. Em uma das declarações, Bolsonaro disse que "pintou um clima" com as meninas, levando a campanha de Lula a acusá-lo de pedófilo nas redes sociais, em postagens vetadas depois pela Justiça eleitoral.
Após os resultados oficiais do primeiro turno, no início do mês, os institutos de pesquisa tornaram-se alvo de críticas, especialmente por terem subestimado os números de Bolsonaro na primeira votação.
O Ipec também apurou novamente a avaliação de governo. A administração de Bolsonaro é avaliada como ruim ou péssima por 40% --na pesquisa anterior esse percentual era de 39%. A parcela dos que a avaliam como ótima ou boa somou 36%, ante 37% na semana passada. Os que avaliam o governo como regular ficaram em 24%, ante 23%.
O Ipec entrevistou 3.008 pessoas em 183 municípios entre sábado e esta segunda-feira. A margem de erro da sondagem é de 2 pontos percentuais.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello Edição de Pedro Fonseca)