(Reuters) - O Brics é uma plataforma estratégica para fomentar cooperação entre nações emergentes em meio a uma representação "desigual e distorcida" dos países no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira em discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Quando as instituições reproduzem as desigualdades, elas fazem parte do problema, e não da solução", disse Lula, ao citar que no ano passado o FMI disponibilizou o equivalente a 160 bilhões de dólares a países europeus e apenas 34 bilhões de dólares a países africanos.
O presidente, que chamou de "inaceitável" a representação dos países no FMI e Banco Mundial, também ressaltou que as bases de uma nova governança econômica ainda não foram lançadas e que o Brics surgiu na esteira dessa imobilismo.
"A ampliação recente do grupo na Cúpula de Johanesburgo fortalece a luta por uma ordem que acomode a pluralidade econômica, geográfica e política do século 21", acrescentou Lula.
Em sua mais recente cúpula, realizada em agosto na África do Sul, os líderes do Brics convidaram Arábia Saudita, Irã, Etiópia, Egito, Argentina e Emirados Árabes Unidos para aderirem ao grupo.
Os líderes do grupo, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, ainda deixaram a porta aberta a uma futura expansão adicional, abrindo potencialmente o caminho para a adesão de dezenas de outros países ao bloco, que tem como ambição declarada se tornar uma referência no "Sul Global".
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)