BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado que está aberto a analisar as propostas de corte de gastos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas enfatizou que os ajustes fiscais não serão feitos às custas dos pobres.
Falando em conferência de imprensa após a cúpula do G7 na Itália, Lula respondeu a uma pergunta sobre a necessidade de menos gastos, dizendo que as despesas desnecessárias deveriam ser evitadas.
"O Haddad jamais ficará enfraquecido enquanto eu for presidente da República, porque ele é o meu ministro da Fazenda, escolhido por mim e mantido por mim", afirmou.
"Se o Haddad tiver uma proposta, o que vai acontecer é que ele vai me procurar essa semana e vai discutir economia comigo. Eu quero antecipar, a gente não vai fazer ajuste em cima dos pobres."
Os comentários do presidente foram feitos depois que Haddad disse que estava focado em intensificar a agenda de cortes de gastos, citando áreas como supersalários no funcionalismo e correção de benefícios "praticados ao arrepio da lei".
A rejeição pelo Senado de uma medida provisória sobre uso de créditos tributários pelas empresas fez com que os mercados despencassem em meio a preocupações crescentes de que Haddad estivesse perdendo influência no governo.
Lula também afirmou que a questão do déficit fiscal brasileiro é tema recorrente dos jornais, mas "ninguém" fala da taxa de juros acima de 10% "num país com inflação de 4%".
"Pelo contrário, fazem uma festa com o presidente do banco central em São Paulo. Novamente, os que foram na festa devem estar ganhando dinheiro com a taxa de juros."
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, foi homenageado na segunda-feira, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, e posteriormente participou de um jantar oferecido pelo governador Tarcísio de Freitas, que é visto como um potencial candidato da direita para as eleições de 2026.
Desde agosto, as taxas de juros brasileiras caíram 325 pontos base, para 10,50%, enquanto a inflação anual atingiu 3,93% em maio, em comparação com a meta oficial de 3%. A próxima reunião de definição de taxas acontecerá de 18 a 19 de junho.
(Por Marcela Ayres)