Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira que os ministérios de seu governo não podem deixar sobrar recursos destinados a investimentos e que dinheiro bom é aquele transformado em obras.
"A gente não pode deixar sobrar dinheiro que está previsto ser investido nos ministérios. A gente precisa colocar, transformar. Eu sempre digo que para quem está na Fazenda, dinheiro bom é dinheiro no Tesouro. Para quem está na Presidência, dinheiro bom é dinheiro transformado em obras", disse o presidente na abertura da reunião com ministros da área de infraestrutura.
A fala ocorre em um momento em que se discute a possibilidade de mudança na meta de zerar o déficit primário no ano que vem. A promessa feita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que estava na reunião, vinha sendo questionada por parte da ala política do governo, e foi praticamente enterrada pelo próprio Lula.
Na semana passada, em café da manhã com jornalistas, Lula afirmou que não iria insistir em uma meta zero e que não iria fazer um contingenciamento duro no início do ano ou cortar recursos de investimentos e obras que considera essenciais.
"Tudo o que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal, a gente vai cumprir. O que eu posso te dizer é que ela não precisa ser zero", disse Lula durante o café na semana passada.
"Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias nesse país", ressaltando que não vê problema em um déficit de 0,5% ou 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB).
Desde então a discussão que vinha acontecendo internamente dentro do governo tornou-se pública, com parte dos ministros já falando internamente na necessidade de se enviar uma mensagem ao Congresso com a modificação, enquanto Haddad ainda resiste, defendendo a necessidade de se esperar o resultado de votações no Congresso de projetos que visam aumentar a arrecadação.
Lula conta com os investimentos e a retomada de obras pelo governo federal para acelerar ainda mais a criação de empregos no país. Aos ministros, na abertura da reunião desta sexta, o presidente enfatizou a previsão de que se chegue ao final de 2023 com 2 milhões de novas vagas criadas -- no momento, está em 1,8 milhão.
"A partir do ano que vem eu quero dedicar o ano a viajar o Brasil. Eu quero visitar todas as obras de infraestrutura que estamos fazendo, quero visitar muitas obras de educação, de saúde... O objetivo é a gente criar emprego nesse país", disse Lula aos ministros.
(Edição de Eduardo Simões)