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Lula diz ser a favor de entrada da Venezuela nos Brics

Publicado 29.05.2023, 13:48
© Reuters. Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília
29/5/2023 REUTERS/Ueslei Marcelino

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que tem posição favorável à entrada da Venezuela no grupo dos Brics, e voltou a defender a adoção de uma moeda alternativa ao dólar para o comércio internacional entre países da América do Sul.

Lula recebe representantes de 12 países da América do Sul na terça-feira, em Brasília, e teve reunião com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, na primeira visita do líder venezuelano ao Brasil desde 2015.

"É a primeira reunião oficial dos Brics que eu vou participar depois de oito anos, e tem várias propostas de outros países que querem entrar nos Brics", disse o presidente sobre a reunião do grupo prevista para agosto.

"Se você perguntar minha vontade, eu sou favorável", disse Lula, questionado sobre sua posição em relação ao pleito da Venezuela, lembrando que "não depende da vontade do Brasil", e sim de uma decisão conjunta.

Lula explicou que eventual pedido venezuelano de inclusão no Brics -- grupo atualmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -- será levado para discussão e avaliação dos países do bloco, caso seja formalizado.

O presidente aproveitou para reforçar a ideia que vem defendendo de estabelecer uma moeda alternativa ao dólar no comércio internacional com os parceiros comerciais do Brasil.

"Eu sonho que a gente tenha uma moeda entre os nossos países, para que a gente possa fazer negócio sem ficar dependendo do dólar, até porque o dólar só um país tem a 'máquina de rodar' dólar e esse país faz o que quiser, sabe?", declarou o presidente brasileiro em declaração à imprensa após a reunião bilateral.

"Não é possível que a gente não tenha mais liberdade para fazer negociação. Eu sonho que os Brics possam ter uma moeda, como a União Europeia construiu o euro. Então eu penso que nós temos que avançar", afirmou o presidente, defendendo que a América do Sul se convença da necessidade de trabalhar como um bloco no âmbito internacional, sob o argumento de que juntos, os países da América do Sul terão "muito mais força" para negociar.

RETOMADA

Lula também manifestou o desejo de recuperar a relação energética com a Venezuela. Para ele, o projeto do Linhão de Tucuruí, que ligará Roraima ao Sistema Nacional de Energia, precisa ser retomado.

Maduro, por sua vez, afirmou que seu país está preparado para reconstruir sua cooperação elétrica com o Estado.

"Temos uma oferta de 120 megawatts já pronta que habilita a partir de um investimento básico de 4 ou 5 milhões de dólares para que se possa reconstruir as linhas de transmissão", disse o presidente Venezuelano.

"É um compromisso que eu assumo aqui na sua frente e conto com a cooperação, o apoio, o investimento dos empresários brasileiros que queiram", acrescentou Maduro.

A visita do presidente venezuelano marca uma mudança na política regional do Brasil, que havia suspendido as relações com a Venezuela sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Bolsonaro assinou um decreto em agosto de 2019 proibindo a entrada de autoridades de alto escalão do governo venezuelano no Brasil. Diplomatas de Maduro foram declarados "persona non grata" na ocasião, embora o Judiciário brasileiro tenha impedido que fosse expulsos.

Maduro aproveitou a declaração à imprensa desta segunda-feira para sugerir que a América do Sul peça, na condição de região, a suspensão das sanções impostas pelos Estados Unidos contra a Venezuela.

© Reuters. Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília
29/5/2023 REUTERS/Ueslei Marcelino

Lula classificou as sanções dos EUA como "extremamente exageradas".

O governo brasileiro anunciou ainda que criará um grupo de trabalho para consolidar a dívida da Venezuela com o Brasil e, a partir desse diagnóstico, organizar a programação para o pagamento dos débitos, disse nesta segunda-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)

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