Um projeto para estimular a vacinação contra doenças prevenidas por imunizantes diminuiu o risco de transmissão dessas enfermidades de 80% para 68% nos municípios de Minas Gerais.
Nas regiões de risco muito baixo, o percentual de vacinação da população local aumentou de 8% para 14,6%. A iniciativa foi realizada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
O projeto começou por meio de mapeamento das áreas mais vulneráveis em Minas Gerais. Os pesquisadores também consideraram outros fatores, tais quais:
- dificuldade de acesso ao local;
- falta de equipamentos, de internet e de computadores para o registro das doses;
- busca por faltosos;
- movimentos antivacina; e
- propagação de informações incorretas.
Thales Philipe Rodrigues da Silva, do programa de pós-graduação em enfermagem da UFMG e um dos responsáveis pelo projeto, declarou que “é preciso conhecer a população e sensibilizar a equipe para adaptar a estratégia à realidade do município”.
Segundo o pesquisador, foram realizadas ações para a conscientização da população local quanto à importância da vacinação. Foram feitas:
- discussões em grupo;
- oficinas em parceria com o poder público; e
- plano de intervenção para cada localidade.
O plano de intervenção, por exemplo, considera o corpo técnico, busca ativa dos faltosos e até atividades de conscientização da população, que conta inclusive com o apoio de pessoas-chave na comunidade, como educadores e religiosos.
“Costumamos dizer que o que tem em Minas Gerais tem no Brasil, pois temos uma realidade muito diversa, com municípios grandes e pequenos, ricos e pobres, que, de certa forma, refletem o que acontece no país”, afirmou Thales.
COBERTURA VACINAL INFANTIL
O estudo da UFMG teve início depois de dados demonstrarem que entre 2015 e 2020, o Estado registrou queda na cobertura vacinal de crianças com menos de 1 ano. Eis as imunizações que diminuíram em MG:
- BCG;
- pneumocócica;
- meningite C;
- contra a poliomielite; e
- pentavalente.
A última vacina deixa a população suscetível para 5 doenças graves:
- difteria;
- tétano;
- coqueluche;
- hepatite B; e
- infecção pela bactéria Haemophilus influenzae do tipo B, que afeta meninges e garganta.
“Percebemos que identificar regiões com alto risco dessa transmissão pode ser uma estratégia adicional para definir prioridades para intervenção e elaboração de políticas públicas”, disse Thales Philipe Rodrigues da Silva.
QUEDA NA COBERTURA VACINAL
Desde 1973, o Brasil conta com o PNI (Programa Nacional de Imunização), o que levou à redução da incidência de doenças e mortes, além de ter ajudado a erradicar algumas doenças, como o sarampo e a poliomielite.
No entanto, a cobertura vacinal no país vem diminuindo nos últimos anos, comprometendo a meta de 95%, que é o índice recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para assegurar a erradicação ou controle das doenças. Em 2019, o Brasil perdeu o selo de país livre de sarampo.
Com informações da Agência Einstein.