Destaque na mídia brasileira, o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na abertura da 78ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), na 3ª feira (19.set.2023), foi praticamente ignorado pelos principais veículos jornalísticos nos EUA e na Europa.
Os jornais de países desenvolvidos preferiram destacar a forte condenação feita à Rússia pelo presidente norte-americano, Joe Biden. Também teve grande exposição a fala do líder da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Lula fez um discurso em que novamente evitou condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Falou sobre a necessidade de construir a paz, tratando todos os envolvidos no conflito de maneira respeitosa.
O brasileiro também voltou a falar sobre a necessidade reformar a governança da Organização das Nações Unidas, com uma ampliação do número de integrantes do Conselho de Segurança —hoje composto apenas por EUA, Rússia, França, Reino Unido e China, todos com poder de veto. Nenhum desses temas foi destaque na mídia internacional. Leia a íntegra do discurso do presidente (PDF – 172 kB) e assista à fala clicando aqui.
Eis o que publicaram os principais jornais:
- El País (Espanha) – jornal espanhol não traz menção a Lula ou ao Brasil.
O jornal “El País” (Espanha) não fez nenhuma menção ao Brasil nem ao discurso de Lula na ONU; destaque foi para crítica de Joe Biden à Rússia por causa da guerra na Ucrânia
- Le Figaro (França) – menção a Lula e ao Brasil só na parte final do texto, mas nada sobre o discurso de Lula na ONU.
O jornal “Le Figaro” (França) menciona o Brasil na parte final do texto desta 4ª feira (20.set), mas apenas para lembrar que Lula já responsabilizou de maneira equivalente a Rússia, EUA e União Europeia pela guerra na Ucrânia
- The Guardian (Reino Unido) – há zero menção a Lula ou ao Brasil.
O jornal “The Guardian” (Reino Unido) publicou 2 textos sobre a abertura da Assembleia Geral da ONU: nenhuma menção ao Brasil nem ao discurso de Lula
- The Wall Street Journal (EUA) – zero menção a Lula ou ao Brasil. A publicação destaca a ausência de muitos líderes –cita China, França, Índia, Rússia e Reino Unido.
O jornal “The Wall Street Journal” publicou um texto sobre a abertura da Assembleia Geral da ONU que começa na capa e termina em uma página interna: não há menção a Lula ou ao Brasil
O jornal “The Wall Street Journal” publicou um texto sobre a abertura da Assembleia Geral da ONU que começa na capa e termina em uma página interna: não há menção a Lula ou ao Brasil The Washington Post (EUA) – menciona Lula no meio do texto para dizer que o secretário-geral da ONU, António Guterres, tenta persuadir o brasileiro a mudar de posição com relação à guerra na Ucrânia. A publicação ressalta que Lula adotou uma posição neutra sobre o assunto em seu discurso. No final do texto, o jornal diz que Lula e Biden se encontrarão nesta 4ª feira (20.set).
O jornal “The Washington Post” publicou um texto em que menciona Lula em duas partes: para falar sobre a posição do brasileiro em relação à guerra na Ucrânia e sobre o encontro de Lula e Biden
- Financial Times (Reino Unido) – a capa da versão edição internacional do jornal menciona apenas os discursos de Biden e Zelensky, sem falar de Lula ou do Brasil. No texto publicado em seu site, o jornal cita o Brasil apenas para dizer que os EUA lançaram uma iniciativa de cooperação.
Capa internacional do jornal “Financial Times”: zero menção a Lula ou ao Brasil
Trecho de reportagem do “Financial Times” sobre a abertura da Assembleia Geral da ONU
- The New York Times (EUA) – menciona Lula na parte final do texto publicado no site e que integra a edição impressa, apenas para dizer que Lula e Biden terão um encontro nesta 4ª feira (20.set).
Parte do texto do jornal “The New York Times” que fala sobre o encontro de Biden com Lula
- Le Monde (França) – apesar de citar o “Sul Global”, não há nenhuma menção a Lula ou ao Brasil na capa do jornal; o mesmo ocorre no texto sobre o assunto publicado no site da publicação.
O jornal “Le Monde” (França) não menciona o Brasil ou Lula em sua capa
- Corriere della Sera (Itália) – menciona o Brasil como um dos países que não tomaram posição na guerra da Ucrânia e diz que o chanceler brasileiro, Celso Amorim, minimizou o peso do encontro de Lula com Zelensky.
O jornal “Corriere della Sera” deu destaque para o discurso de Zelensky e para a posição neutra do Brasil com relação à guerra na Ucrânia