O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse neste domingo (28.jan.2024) que, “no momento”, a Venezuela não tem oposição. Criticou a decisão da Suprema Corte do país de tornar inelegível María Corina Machado, líder da oposição ao presidente Nicolás Maduro. Disse que a Corte é “dele”, em referência ao líder venezuelano.
Segundo Bolsonaro, a situação na Venezuela tem relação com o “futuro” no Brasil. Afirmou que, mesmo com Maduro dando sinais de eleições justas, tornou a oposição inelegível por 15 anos. Disse que o motivo da inelegibilidade de Corina é um “absurdo” e que o governo do país “tira da frente as candidaturas que podem fazer sombra ao atual mandatário”.
O ex-presidente participou neste domingo (28.jan.2024) de “Super Live: Organização de Base e Ocupação de Espaços”, transmitida no canal do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Também participaram o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Bolsonaro afirmou que estava com saudade desse “contato” com eleitores.
ENTENDA O PROCESSO
A Suprema Corte venezuelana considerou “sem mérito” a reclamação da ex-deputada. A Câmara Político-Administrativa do TSJ validou os argumentos da Controladoria Geral da Venezuela que a acusava de participar de uma “trama de corrupção” encabeçada pelo ex-autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, que incluía pedidos de sanções ao país.
Segundo o documento:
- María Corina Machado agiu em conivência com Juan Guaidó. O político é chamado de “usurpador”;
- a política solicitou a aplicação de sanções e bloqueio econômico que causaram “danos à saúde venezuelana“;
- o bloqueio solicitado por Corina, junto a Guaidó, foi responsável pelo desvio de US$ 4 bilhões do país, que estariam retidos no sistema bancário internacional;
- por causa do desvio, o país não teria conseguido adquirir vacinas infantis, doses de insulina e medicamentos antirretrovirais para o tratamento de pacientes com aids.
O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela também responsabiliza Corina por “irregularidades administrativas” que teriam sido cometidas quando era deputada. A líder da oposição nega todas as acusações.
Em 2015, a opositora de Maduro já havia sido impedida por 1 ano por participar “como embaixadora alternativa” do Panamá durante uma reunião da OEA (Organização dos Estados Americanos). À época, ela denunciou supostas violações dos direitos humanos durante protestos contra Maduro. A informação é da AFP.
ACORDO DE BARBADOS
María Corina Machado afirmou que a decisão da Suprema Corte venezuelana é uma forma do regime do presidente de acabar com o Acordo de Barbados.
“Maduro e o seu sistema criminoso escolheram o pior caminho para eles: eleições fraudulentas”, disse em publicação no X (ex-Twitter) na 6ª feira (26.jan).
O Acordo de Barbados é formado por uma série de pactos firmados pelo governo venezuelano e pela oposição do país para a promoção de eleições limpas e justas em 2024. Foi firmado em 17 de outubro de 2023 em Bridgetown, capital de Barbados, com a presença das delegações dos seguintes países:
- Noruega;
- Rússia;
- Holanda;
- Colômbia;
- México;
- Estados Unidos;
- Barbados.
O acordo resulta de diálogos promovidos por vários países, incluindo o Brasil.
Foi fechado um tratado pelo governo e pela oposição para tornar possível a revisão das inelegibilidades a cargos públicos. Esse acordo determinava que cada pessoa considerada inelegível poderia apresentar um recurso ao TSJ até 15 de dezembro contra a medida. Foi nesse contexto que Corina recorreu à Corte em dezembro.