O Datafolha divulga nesta quinta-feira, 22, uma nova rodada da pesquisa de intenção de voto para presidente. O levantamento é o maior realizado pelo instituto desde o início da campanha, serão 6.754 pessoas entrevistadas presencialmente em todos os Estados do País.
Na última pesquisa, realizada no dia 15, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha 45% das intenções de voto ante 33% de Jair Bolsonaro (PL). Ciro Gomes (PDT) tinha 8% e Simone Tebet (MDB), 5%.
Especialistas ouvidos pelo Estadão acreditam que o novo Datafolha deve seguir a tendência apontada pelas demais pesquisas realizadas na última semana - um cenário de estabilidade.
Para o cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a pesquisa deve indicar uma oscilação de Lula dentro da margem de erro. "Acontece que, de margem em margem de erro, ele chega próximo aos 50% necessários para decidir a eleição já no primeiro turno", afirma.
O professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto afirma que o levantamento pode confirmar um viés positivo para Lula. "Os números não têm se alterado, mas os sinais sim. Há uma maior pré-disposição para Lula. Isso tende a energizar a base petista.
"Na última terça-feira, 20, Lula se reuniu com oito ex-presidenciáveis, entre eles o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, e ressaltou a importância do "voto útil" no primeiro turno contra o atual presidente.
Teixeira entende que a pergunta a ser respondida pela pesquisa é: a eleição termina no primeiro ou teremos um segundo turno? "Ao que tudo indica, o discurso do voto útil afetou levemente o eleitorado. Porém, qualquer efeito residual pode decidir essa eleição já no primeiro turno.
"Barreto também não acredita que a pesquisa indicará uma grande movimentação de eleitores de Simone e Ciro, mas que Lula pode crescer graças aos indecisos. "Os votos que estão em jogo são os dos indecisos e dos eleitores da chamada terceira via. É pouco provável que Lula tire votos de Bolsonaro ou vice-versa."
É também o primeiro levantamento do Datafolha a avaliar os impactos que as visitas de Jair Bolsonaro ao funeral da Rainha Elizabeth II e seu discurso na Assembleia-Geral da ONU podem ter tido no eleitorado brasileiro.
Teixeira, no entanto, não acredita que tais movimentações do presidente devam alterar o cenário eleitoral. "A repercussão foi negativa. Ele transformou esses eventos em um novo 7 de Setembro, mas as pesquisas indicam que o 7 de Setembro mais tirou do que ajudou ele."
Barreto também não crê que os atos internacionais do presidente irão influenciar o eleitor. "Seja dentro ou fora do País, Bolsonaro é o mesmo.
"Teixeira ainda entende que haverá outras tendências se consolidando, como Lula estancando a perda de votos do público evangélico, a volta do crescimento do petista com o público jovem e a consolidação de Bolsonaro na classe média alta, sobretudo na região Sul.