O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, é a principal autoridade brasileira presente no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, a qual reúne as lideranças mundiais, CEOs de empresas e representantes da sociedade civil até esta sexta-feira, 19. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não foram ao evento.
Segundo o STF, Barroso foi convidado pela organização do Fórum a ir até Davos, como magistrado e acadêmico, para discutir os temas abordados pelas autoridades globais. O ministro participou de debates sobre o papel da Amazônia no enfrentamento da mudança climática, a regulação da inteligência artificial e os desafios da América Latina. Essa é a primeira vez que o presidente do STF participa do encontro.
"Barroso foi convidado a participar do evento em razão de sua conexão com os temas discutidos no fórum em sua condição de magistrado e de acadêmico - além de participar de discussões nas universidades brasileiras, o ministro também debate as questões em universidades pelo mundo", informou a Corte.
Além de Barroso, a comitiva brasileira é formada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pela ministra da Saúde, Nísia Trindade e pelo assessor de Assuntos Internacionais, Celso Amorim. O presidente da Petrobras (BVMF:PETR4), Jean Paul Prates, chegou a confirmar a ida para o evento, mas desistiu de integrar a equipe do governo Lula de última hora.
O Fórum de Davos é um encontro anual tradicionalmente realizado no mês de janeiro em Davos, que reúne os principais líderes do setor privado global. Líderes políticos, como chefes de governo e ministros de Estado, também são convidados para o evento, que conta com palestras, seminários e painéis sobre desenvolvimento econômico.
Barroso disse que Brasil pode perder soberania da Amazônia para o crime organizado
Nesta quarta-feira, 17, Barroso afirmou que o Brasil pode perder a soberania da Floresta Amazônica para o crime organizado. De acordo com o presidente do STF, o risco existe por conta da relevância de estradas e rios da região para o transporte do comércio internacional de drogas.
Segundo o presidente do STF, o crime organizado somou-se aos problemas que já assolavam a região, como "a extração ilegal de madeira, a mineração ilegal e a grilagem de terras e as queimadas". "Também passou a ser rota do tráfico", disse o ministro.
"Essa é uma guerra que nós estamos perdendo. Não importa a visão de cada um sobre o endurecimento da repressão ou sobre as experiências de legalização que há em outros países. Seja qual for o caminho que se escolha, nós temos que partir do pressuposto que o que nós estamos fazendo não está dando certo", disse Barroso, ressaltando a importância para uma política de segurança pública mais "abrangente".
Presidente do STF defendeu regulação da inteligência artificial
O magistrado também defendeu a regulação da inteligência artificial nesta quarta-feira, afirmando que as plataformas oferecem um risco potencial para a democracia. O presidente do STF também declarou que a campanha eleitoral nos Estados Unidos, que ocorre neste ano, pode servir como um teste para o combate ao deepfake - técnica para adulteração de áudios e vídeos para atribuir frases e ações a uma determinada pessoa.
"Tem muitos riscos da inteligência artificial. Um deles é esse. O seu impacto sobre as democracias. As potencialidades da desinformação e do deepfake. Porque a democracia é feita da participação esclarecida das pessoas. Um mecanismo que possa massificar a desinformação pode produzir um impacto extremamente negativo sobre a liberdade das pessoas e sobre a democracia", afirmou Barroso.
O presidente do Supremo também destacou o impacto da inteligência artificial sobre o mercado de trabalho e a possibilidade de uso da tecnologia para fins bélicos. Entre os benefícios da tecnologia, Barroso listou o auxílio para tomadas de decisão em diversas áreas, a automação de "tarefas repetitivas e desgastantes" para humanos e as aplicações em medicina, pesquisa e inovação.