A relatora da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga os atos de 8 de Janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou nesta 5ª feira (14.set.2023) que pedirá o indiciamento de militares e de “pessoas ligadas ao Exército” no seu parecer. Segundo ela, os depoimentos e as informações reunidas indicam possível participação nos atos extremistas.
“Posso antecipar que pessoas ligadas ao Exército Brasileiro deverão sofrer esse indiciamento porque a gente percebe no levantamento dos dados, das informações e nos depoimentos que houve mesmo a participação de pessoas que têm ligação e são militares”, disse em entrevista a jornalistas no Senado.
A senadora deve apresentar seu relatório em 17 de outubro. Em agosto, ela afirmou haver “fortes condições” para indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma CPI não pode indiciar uma pessoa, mas indicar ao Ministério Público a responsabilização civil e criminal.
Eliziane também defendeu a realização de acareação entre o general de Exército Gustavo Henrique Dutra, ex-chefe do Comando Militar do Planalto, e o coronel Jorge Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal. Eles apresentaram versões diferentes sobre as ordens para desmobilizar manifestantes acampados.
Dutra prestou depoimento na CPI na 4ª (13.set). Ele negou omissão ou inércia de militares nas ações de desmobilização de acampamentos no Quartel General do Exército, em Brasília.
“Não se sustenta a tentativa dele de dar legalidade ao acampamento […] O acampamento em si foi um catalisador, um processador do que ocorreu no dia 12 de dezembro, no dia 24 de dezembro e no dia 8 de Janeiro”, afirmou Eliziane.
A senadora também defendeu a prorrogação dos trabalhos da CPI para a realização de acareação. Ela declarou que ainda estuda pedir uma acareação entre Bolsonaro e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente.