O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai receber às 15h desta 2ª feira (11.dez.2023) Mery Shohat e Hen Mahlouf Nisenbaum, irmã e filha de Michel Nisenbaum, brasileiro sequestrado pelo grupo extremista Hamas e que estaria na Faixa de Gaza.
A visita não estava na agenda. Uma comitiva de parentes de sul-americanos sequestrados pelo grupo está na região desde a semana passada. Elas passaram pela Argentina, onde encontraram o agora ex-presidente Alberto Fernández e o atual, Javier Milei. Também foram ao Uruguai, sendo recebidas pelo presidente Luis Lacalle Pou.
Não havia previsão de conversarem com Lula. O líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT), que é judeu, foi quem convenceu o presidente em reunião realizada na manhã desta 2ª.
“Nossa primeira preocupação desde o primeiro momento daquele ato covarde que ceifou a vida de jovens, idosos, crianças e inocentes foi trazer os que desejassem voltar ao Brasil. Preocupação é a busca da paz“, disse Wagner em sessão temática do Senado sobre o conflito na Faixa de Gaza.
Além das reféns, o presidente da Conib (Confederação Israelita do Brasil), Claudio Lottenberg, vai participar da reunião.”Não vamos nos acalmar ou sossegar enquanto os reféns não forem reincorporados às suas vidas“, disse Lottenberg na sessão, que foi organizada pela Conib em parceria com a Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo).
A embaixada de Israel no Brasil também participou do evento. Segundo o embaixador, Daniel Zonshine, que falou no púlpito do Senado, há uma tentativa do Hamas em descredenciar a imagem de Israel no exterior. Ele citou como exemplo os dados divulgados de mortos no conflito, que partem do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
“O número de vítimas do Hamas não é preciso. Eles operam para prejudicar a imagem de Israel no mundo. Veja o foguete que eles dispararam contra o hospital deles. Disseram que foi Israel e colocaram o número de mortos como se fosse algo feito por nós“, disse. O episódio em questão ocorreu em 17 de outubro. Os 2 lados trocam acusações sobre a real autoria da explosão.
O presidente da Fisesp, Marcos Knobel, disse que o objetivo da sessão foi trazer para o debate político a questão humanitária que a região enfrenta e cobrar uma ação do governo brasileiro.
“Quando Lula recebeu [os brasileiros que estava em Gaza], deixou claro que não deixaria nenhum brasileiro para trás. Talvez não soubesse na época que havia um brasileiro lá entre os sequestrados. Queremos que o governo cumpra essa promessa“, disse.
Irmão sequestrado
Mery Shohat é nascida no Brasil, assim como seu irmão, Michel. Ela tem 66 anos. Michel, 59. Eles vivem em Israel há mais de 4 décadas.
Michel foi sequestrado na manhã de 7 de outubro, quando foi a um posto militar para encontrar familiares. Um militante do Hamas atendeu o telefone dele quando a família ligou. Seu carro foi encontrado queimado e o seu computador foi resgatado em Gaza.
Mery disse que não tem notícias dele desde esse dia. “Não sabemos sobre ele. A Cruz Vermelha não teve acesso aos sequestrados. Ele não está tomando os seus remédios“, disse.