O deputado federal e policial afastado José Medeiros (PL-MT) afirmou na manhã desta terça-feira, 1, que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) não é uma instituição ligada ao presidente Jair Bolsonaro (PL) ou a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O parlamentar negou a omissão da corporação para desobstruir vias ou estradas e disse que a PRF atua com cautela.
"A PRF está fazendo dentro do protocolo comum. Espera a decisão judicial e agora passa para aquela fase de tentar negociar para que não ocorram casos de violência. É preciso verificar se tem gente armada ou não para conseguir desobstruir rodovias com o mínimo de problemas possíveis", afirmou Medeiros ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Desde a noite de domingo (30), depois da vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições à Presidência, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), especialmente caminhoneiros, organizam protestos pelo País contra o resultado das urnas.
Em decisão publicada na noite da última segunda-feira, 31, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes autorizou o uso da Polícia Militar nos Estados para conter as manifestações espalhadas pelo País, diante da "omissão e inércia" da PRF em desfazer os bloqueios.
O parlamentar nega ainda que os protestos tenham relação com a demora de Bolsonaro em reconhecer a derrota. O presidente está há mais de 40 horas sem fazer um pronunciamento. "As pessoas foram espontâneas para as ruas. Temos que aceitar o resultado, mas o presidente tem o tempo dele", afirmou. Segundo ele, a "parcialidade" do Judiciário durante as eleições, em prol de Lula, contribui para o cenário acirrado.
Em grupos bolsonaristas no WhatsApp, circula um áudio em que diz que Bolsonaro vai aceitar os resultados publicamente, mas que "é nós que temos que ir para cima" para que o presidente não seja preso e acusado de "provocar desordem". "O que ele vai dizer, no primeiro momento, para quem está desavisado vai chocar, mas ele está dizendo o que precisa dizer e esperando nós tomarmos as atitudes que vamos tomar na quarta-feira", diz o interlocutor do material.
Dificuldade
O histórico de casos envolvendo a PRF pode dificultar, segundo Medeiros, a relação da corporação com o novo governo Lula. A pauta de reestruturação das carreiras, principal proposta defendida pela corporação, dificilmente será atendida, segundo o parlamentar. "PT vai perseguir essa polícia", avaliou.
No último domingo, por exemplo, o PT protocolou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um pedido para impedir que a PRF atuasse supostamente para favorecer Bolsonaro por meio da abordagem de veículos de transporte de passageiros, principalmente no Nordeste.