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Produtor ganha 3.000 mudas de café por acaso e hoje exporta

Publicado 05.11.2023, 09:00
Atualizado 05.11.2023, 09:40
© Reuters.  Produtor ganha 3.000 mudas de café por acaso e hoje exporta
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No início dos anos 2000, o paraibano Carlos Coutinho Pai negociou com um amigo de Minas Gerais o envio de algumas mudas de café para plantar em sua fazenda, no Lago Oeste, a 35 km de Brasília (DF). Depois de alguns meses, veio a surpresa: em vez de algumas dezenas de mudas, chegou ao local 1 caminhão com cerca de 3.000 plantas.

Aposentado, Coutinho aproveitou todos os brotos e plantou em sua propriedade de 300 hectares. Os cafés floriram; um negócio familiar também.

“No 1º ano, foram 3.000 mudas. Ele se empolgou. Depois, foram 10.000 mudas, 80.000 mudas. Hoje a gente colhe os frutos daquele acaso que aconteceu em 2003”, relatou Carlos Alberto Coutinho Filho, 52 anos.

Os grãos da família atualmente são exportados para Europa –chegaram a 2.000 sacas em 2022– e a marca nacional, Café Minelis, ganhou o prêmio de café do ano na Semana Internacional do Café, realizada no ano passado.

Ao Poder Empreendedor, o pequeno produtor contou que no início da plantação buscou se especializar no plantio do café. O terreno ajudou. O Distrito Federal fica de 800 m a 1.200 m acima do nível do mar.

A altitude da região é a ideal para cafés especiais, como o arábica –de sabor suave, ligeiramente ácido e adocicado. A concentração de cafeína em seu grão é bem menor do que a de outras espécies. O clima seco da região ajuda na qualidade do fruto. A saca (60 kg) do arábica é vendida acima de R$ 800 no mercado internacional. Há 2 anos, estava em R$ 1.400.

O outro café bastante consumido no Brasil é o da espécie robusta (conhecido como conilon). Tende a ser mais amargo e marcante. É mais resistente a pragas e doenças. Não precisa necessariamente ser cultivado em regiões de alta altitude. O custo de produção é mais baixo. A saca é cotada em cerca de R$ 600.

Os cafés tradicionais mais consumidos no Brasil são uma mistura (blend) destas duas espécies (conilon e arábica). O processo de produção e tratamento são menos refinados.

Até 2013, o foco das fazendas Canaã e Novo Horizonte – da família Coutinho– eram destinados ao exterior. Eles conquistaram alguns prêmios regionais e internacionais. Houve uma demanda de brasilienses para tomar o produto feito na região.

“Muitos colegas e amigos, sabendo desses prêmios, perguntaram: como é que a gente faz para tomar esse café premiado?”, disse Carlos Coutinho Filho. A maior parte dos grãos eram vendidos para uma empresa italiana. “E as pessoas diziam: precisa viajar para a Itália para poder comprar?”.

Percebendo a demanda, o agricultor passou a entrar no mercado com a criação de uma marca: a Café Minelis. A equipe conta com 3 pessoas para a torrefação.

Os grãos torrados já são vendidos em 25 pontos do Distrito Federal e na loja on-line da companhia. O quilo custa R$ 119,90. Os itens mais vendidos são:

  • Sweet Balance – torra média, com notas de caramelo e chocolate. Acidez cítrica. Aroma intenso e adocicado;
  • Dark Chocolate – torra média escura, com notas de chocolate e amêndoas. Acidez discreta. Aroma de chocolate meio amargo;
  • Naturals – torra média com grãos naturais, com notas de frutas vermelhas. Acidez vibrante. Aroma doce e frutado.

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Ao Poder Empreendedor, tanto o pai como o filho relataram que o processo de formalização da empresa foi difícil. Tiveram que buscar técnicas e especialistas em instituições como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

“O café é uma cultura trabalhosa. Exige muito investimento. São máquinas e um custeio caro”, disse Coutinho Filho.

A maior parte do trabalho é mecanizado. A equipe, que atualmente tem 3 pessoas, sobe para 10 no período da colheita (de maio a agosto).

Um desafio da região foi enfrentar um ataque da praga “bicho mineiro”. É a lagarta de pequenas mariposas de coloração branca. Ela provoca a formação das minas, daí o nome “mineiro”.

Para tratar a praga, normalmente são usados defensivos agrícolas. Eles perceberam que os clientes estrangeiros e o público nacional estão mais exigentes em relação ao processo de produção.

Atualmente, eles usam drones para jogar um inimigo natural dessas lagartas: o crisopídeo, inseto que lembra uma joaninha e come as larvas do bicho mineiro.

Veja a galera de fotos abaixo (arraste para o lado):

Sérgio Lima/Poder360 - 30.set.2023

Plantação de café fica em uma propriedade de 300 hectares

Sérgio Lima/Poder360 - 30.set.2023

Logo do Café Minelis, especializado no grão arábica

Sérgio Lima/Poder360 - 30.set.2023

Carlos Coutinho Filho ao apresentar a plantação de café

Sérgio Lima/Poder360 - 30.set.2023

Cafezal conta com mais de 10.000 plantas

Sérgio Lima/Poder360 - 30.set.2023

Segundo o empresário, altitude e clima seco ajuda na colheita do grão

Sérgio Lima/Poder360 - 30.set.2023

Fazenda fica no Lago Oeste, no Distrito Federal

TURISMO

Outra vertente do negócio é a visita guiada na Fazenda Novo Horizonte. Foi criado para aqueles que buscam conhecer mais sobre o grão.

O roteiro do passeio inclui minicurso de cafés especiais, visita à plantação e torra de café ao vivo. Dura cerca de 3 horas. As vagas são concorridas. O ingresso custa R$ 141,9 por pessoa. Saiba mais aqui.

“Essa é uma fase nova”, disse Coutinho Pai. “Aqui nós combinamos a questão do plantio com a preservação. Temos 70% da fazenda na área de Cerrado nativo”.

Segundo ele, esse tipo de trabalho ajuda a criar uma clientela maior para poder consumir cafés especiais. Citou que 90% do café especial produzido no Brasil vai para exportação. “Esse é um nicho novo que está multiplicando”.

“É difícil entrar no mercado, é uma briga grande hoje. O mercado é dominado pelos grandes. Estamos conseguindo entrar aos poucos e mostrar a qualidade que nós temos.”

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Italiano Andrea Desogus, diplomata baseado em Brasília, participou da experiência de aprender mais sobre o grão na Fazenda Novo Horizonte. Ele descobriu a proposta em um grupo de estrangeiros que moram no Brasil dentro do Facebook (NASDAQ:META). Foi uma sugestão de uma atividade diferente.

“O que a gente conhece é só a fase final. Eu fiquei interessado em descobrir o processo de como saí da árvore e cheguei até a xícara”, afirmou.

“Na Itália, há uma tradição bem radicada, de café expresso. É um gosto bem diferente do café brasileiro. Só que esse conhecimento abre muito os horizontes.”

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