Em uma votação de maneira remota o Diretório Nacional do PT decidiu na 2ª feira (11.dez.2023) manter os trechos principais de uma resolução política da sigla, na qual o Centrão é duramente criticado, bem como a política de controle dos gastos públicos, que não considera o risco de haver impacto no desempenho eleitoral em 2024.
Por 51 votos a favor e só 4 contrários, o PT manteve o texto que havia sido aprovado preliminarmente na última 6ª feira (8.dez.2023).
Houve forte carga de deputados federais moderados da sigla, como José Guimarães (PT-CE) e Zeca Dirceu (PT-PR), para que fosse retirada, pelo menos, a crítica ao Centrão. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), venceu e tudo foi mantido. Leia a íntegra do documento (77 kB – PDF).
A menção ao Centrão ficou assim: “As forças conservadoras e fisiológicas do chamado Centrão, fortalecido pela absurda norma do orçamento impositivo num regime presidencialista, exercem influência desmedida sobre o Legislativo e o Executivo, atrasando, constrangendo e até tentando deformar a agenda política vitoriosa na eleição presidencial“.
No caso de gastos públicos, usou-se a expressão “austericídio fiscal“, que é um neologismo que combina austeridade fiscal com suicídio eleitoral nas urnas. No raciocínio do PT, se mantiver corte de gastos para perseguir deficit zero em 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e as esquerdas em geral correm o risco de perder nas eleições municipais do ano que vem.
O trecho sobre gastos ficou assim: “Não faz nenhum sentido, neste cenário, a pressão por arrocho fiscal exercida pelo comando do BC, rentistas e seus porta-vozes na mídia e no mercado. O Brasil precisa se libertar, urgentemente, da ditadura do BC ‘independente’ e do austericídio fiscal, ou não teremos como responder às necessidades do país”.