Convertida em cabo eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste segundo turno da campanha, a senadora Simone Tebet (MDB) gostaria de ser ministra da Educação, se o petista chegar ao Palácio do Planalto. O PT, porém, tem planos de comandar a Educação e quer dar a Simone a pasta da Agricultura.
A senadora ficou em terceiro lugar na disputa e é vista pela campanha de Lula como um trunfo político para conquistar votos de indecisos, principalmente de centro e centro-direita, na reta final, ajudando a quebrar resistências ao PT. Nesta sexta-feira, 21, Simone estará ao lado de Lula em cidades de Minas Gerais, onde o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, fechou aliança com o governador Romeu Zema (Novo).
Simone não condicionou seu apoio a Lula a cargos, mas pediu que, se eleito, ele adotasse algumas propostas na área social, como a criação de uma poupança de R$ 5 mil ao jovem que concluir o ensino médio, além de período integral para alunos de cursos técnicos. O ex-presidente aceitou. Ao declarar voto no petista, três dias após o primeiro turno, Simone disse reconhecer nele o "compromisso com a democracia e a Constituição".
Embora coordenadores da campanha de Lula não falem publicamente sobre composição de eventual ministério, o PT nunca escondeu que gostaria de comandar novamente a Educação. Nos governos Lula e nos primeiros 15 meses da gestão de Dilma Rousseff, a pasta esteve nas mãos do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, hoje candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes. Aloízio Mercadante, atual coordenador do programa de governo de Lula, também foi ministro da Educação sob Dilma.
Se o PT perder a disputa para o governo paulista e Lula retornar ao Planalto, Haddad é cotado para voltar à Educação. O nome do ex-prefeito também vem sendo citado para outras pastas, como Casa Civil e Economia.
Uma ala do PT quer emplacar na Educação o senador eleito Camilo Santana, ex-governador do Ceará. A exemplo de Haddad, Santana também é mencionado para comandar Economia, que, sob Lula, deve ser novamente batizada de "Fazenda".
Outro nome lembrado para Educação é o de Gabriel Chalita. Professor de Filosofia do Direito, Chalita esteve à frente da Secretaria de Educação no governo de Geraldo Alckmin em São Paulo e também na gestão de Haddad, na Prefeitura. Foi na casa dele que Lula e Alckmin iniciaram as negociações para a formação da chapa ao Planalto, em julho do ano passado. Ex-tucano, Alckmin migrou para o PSB e hoje é vice de Lula. Chalita foi filiado ao PDT, mas atualmente está sem partido.
Simone tem preferência pelo Ministério da Educação, mas também aceitaria alguma outra pasta da área social. Nesta quarta-feira, 19, ela fez uma caminhada de apoio a Lula, em Brasília.
"Eu estou aqui pela democracia, porque quero de volta um governo um humano. Eu e o presidente Lula temos grandes diferenças políticas e econômicas, mas colocamos o povo em primeiro lugar", afirmou Simone, ao pedir a eleitores que não aceitem provocações. "Essa não é uma eleição fácil. Essa é uma eleição que não dá margem para erros."
Campanha em Minas
A senadora estará nesta sexta-feira, 21, ao lado de Lula em visita a Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, e Juiz de Fora, em Minas. O Estado é o segundo maior colégio eleitoral do País, só perdendo para São Paulo. Em Minas, Lula ficou na frente de Bolsonaro no primeiro turno (o placar foi de 48,29% a 43,60%), mas o PT avalia que a votação do ex-presidente poderia ter sido bem maior ali. A tradição política mostra que quem vence em Minas ganha a eleição presidencial.
Agora, o PT corre para impedir Bolsonaro de virar o jogo no Estado, onde ele fez aliança com Zema no segundo turno. Simone sugeriu que o PT trocasse o vermelho pelo branco em atos de campanha. Em Belfort Roxo, no Rio, a cúpula do PT pediu, no último dia 11: "Pelo amor e pela paz, vamos usar branco". A sugestão foi acatada naquele dia, mas a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, admitiu dificuldades para tirar o vermelho de cena em todas as manifestações.
Na última segunda-feira, 17, Simone participou de jantar na casa da ambientalista Teresa Bracher e do marido dela, Cândido Bracher, em São Paulo. Ao lado do economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, e da deputada eleita Marina Silva (Rede-SP), a senadora pediu votos para Lula em reunião com cerca de 650 convidados. Na lista estavam empresários, banqueiros e CEOs. O principal argumento apresentado por Simone, Fraga e Marina para convencer indecisos, naquela reunião, foi o de que Bolsonaro, se reeleito, representará um risco para a democracia.