Governo buscará medidas para baixar preços dos alimentos, diz Rui Costa

Publicado 22.01.2025, 08:27
Atualizado 22.01.2025, 20:55
© Reuters

Por Eduardo Simões e Bernardo Caram e Maria Carolina Marcello

(Reuters) - O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta quarta-feira que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará reuniões para adotar medidas com o objetivo de reduzir os preços dos alimentos aos consumidores, ao mesmo tempo que expressou a esperança de que safras melhores neste ano contribuam para a redução dos preços.

Em entrevista à CNN Brasil na noite desta quarta-feira, o ministro buscou desfazer mal-entendido provocado por uma declaração sua mais cedo em que afirmou que o governo buscava um "conjunto de intervenções" para reduzir o custo dos alimentos.

"Primeiro então vamos, para não ter ruído de comunicação, e para ninguém ficar derivando para outras imaginações, vamos substituir a palavra 'intervenção' por 'medidas'", disse o ministro logo no início da entrevista à emissora de TV.

"O que o presidente Lula está orientando, está coordenando, é que nós possamos reunir com a sociedade, com os ministros e colher as sugestões daquelas iniciativas que podem contribuir por exemplo para uma maior oferta de alimentos, principalmente focado naqueles alimentos que nós tivemos no último período uma subida maior", explicou.

Mais cedo, em entrevista ao programa "Bom Dia, Ministro", do CanalGov, Costa havia explicado que haverá reuniões "com o ministro da Agricultura, com o ministro do Desenvolvimento Agrário -- que pega as pequenas propriedades -- e o Ministério da Fazenda para a gente buscar um conjunto de intervenções que sinalizem para um barateamento dos alimentos".

Fonte da equipe econômica disse à Reuters que a reunião ainda não foi marcada e que a definição das medidas está muito mais nas mãos dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura do que da equipe econômica.

Costa lembrou, na entrevista à rede estatal, que Lula já havia se reunido com redes de supermercados do país no fim do ano passado para discutir o assunto, ocasião em que o setor sugeriu algumas medidas.

"Nós vamos implementá-las agora neste primeiro bimestre", acrescentou o ministro na entrevista ao CanalGov.

Dentre as medidas sugeridas, estão a reestruturação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), a venda de remédios sem receita nos supermercados, a modernização do sistema de prazos de validade, e a redução do prazo de reembolso dos cartões de crédito, além de uma reformulação do sistema de vale alimentação.

Em nota, a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) reafirmou "sua disposição em colaborar com o governo federal para enfrentar os desafios econômicos do Brasil".

Para o titular da Casa Civil, alguns fatores contribuíram para a atual conformação de preços. Ele argumentou, por exemplo, que 2024 foi um ano atípico do ponto de vista climático, com eventos extremos, o que impactou a produção agrícola, mas disse esperar que este cenário não se repita em 2025. A subida do dólar também foi mencionada pelo ministro.

"Expectativa nossa é que a safra agora seja muito melhor de vários produtos e isso deve contribuir para o barateamento dos alimentos", afirmou Costa.

Na equipe econômica, também prevalece a avaliação de que os fatores climáticos tiveram influência no patamar de preços dos alimentos, assim como a desvalorização cambial observada no segundo semestre, além do aumento da demanda externa por produtos específicos como carne e café.

COMPROMISSO

Nas duas entrevista, Costa repetiu que Lula e o governo federal têm compromisso com o equilíbrio das contas públicas e assegurou que a administração tem unidade sobre este tema. Disse ainda que qualquer ajuste necessário será feito para assegurar o compromisso fiscal do governo.

"Se você não tem equilíbrio fiscal, quem paga a conta mais cara são as pessoas mais pobres e, portanto, o presidente reafirmou e tem cumprido isso com atitudes, com ações, seu compromisso com o equilíbrio fiscal", afirmou.

O chefe da Casa Civil também aproveitou a entrevista à rede estatal para criticar as redes sociais por, segundo ele, terem pouco compromisso com os fatos, acrescentando que as plataformas são atualmente utilizadas para a difusão de mentiras e para a prática de crimes.

Ao comentar o recente episódio envolvendo a disseminação de notícias falsas sobre uma instrução normativa da Receita Federal que tratava do Pix, posteriormente revogada, e a decisão de Lula, anunciada em reunião ministerial na segunda, de que os ministérios não poderão adotar medidas sem que antes passem pela Casa Civil, Costa disse que a ideia é que essas medidas sejam primeiro alinhadas com a área de comunicação do governo.

"Evidente que não podemos criar um funil que crie uma estrutura burocrática que trave o governo, porque é um volume muito grande de instruções normativas e portarias", disse.

"Vamos eventualmente aperfeiçoar este modelo para que aquilo que impacte a população não se faça de forma burocrática, de forma automática. É preciso alinhar com a comunicação, é preciso explicar antes de você publicar. Você não pode publicar para tentar explicar depois, Explique antes, depois publique, aí fica mais fácil da população entender."

(Por Eduardo Simões, em São Paulo; reportagem adicional de Bernardo Caram e Maria Carolina Marcello, em Brasília)

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