O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenta retornar ao comando da Casa Branca. Para isso, ele tem um longo caminho até as eleições presidenciais de 5 de novembro.
Nos EUA, antes do pleito oficial, os Estados realizam prévias eleitorais –primárias, ou caucus. O objetivo é escolher, dentre os pré-candidatos dos partidos, aquele que representará a legenda no pleito.
Trump disputa a vaga do Partido Republicano com outros 6 candidatos. Para ganhar a indicação e concorrer à presidência, o norte-americano precisa conquistar 1.276 dos 2.551 delegados em disputa.
Diferente do Brasil, nos EUA não ganha o candidato com o maior número de votos dos eleitores, mas sim o que conquista a maioria dos delegados de cada Estado.
Nas primárias e no caucus a lógica é a mesma. O candidato que conseguir mais delegados vence as prévias estaduais e ganha a indicação para concorrer à presidência pelo seu partido.
Cada Estado norte-americano possui uma quantidade específica de delegados representantes (determinados a partir de fatores como o tamanho da população) e uma forma de distribuí-los. Em alguns locais, o candidato mais votado leva tudo. Em outras regiões, são distribuídos proporcionalmente ao número de votos que o candidato recebeu.
O início das prévias eleitorais está marcado para 15 de janeiro, quando o Estado de Iowa abre a votação entre os republicanos. Mesmo sendo um Estado menor e, consequentemente, com menos delegados, a região tem um grande peso na corrida eleitoral por iniciar as primárias.
Já em 5 março é realizada a Super Tuesday (Super Terça, em português), o dia mais importante das prévias eleitorais. Na ocasião, 15 Estados norte-americanos, como o Texas e a Califórnia, realizam suas primárias. No total, há 865 delegados republicanos em jogo.
Ao final das prévias eleitorais, o candidato que tiver conquistado o maior número de delegados será indicado para representar o partido nas eleições de novembro. A nomeação será feita durante a convenção nacional. A republicana será de 15 a 18 de julho, em Milwaukee. A democrata será em Chicago, de 19 a 22 de agosto.
Joe Biden também disputará as primárias. Ele concorre à vaga democrata com outros 2 candidatos: Robert F. Kennedy Jr. e Marianne Williamson. No entanto, o atual mandatário tem, tradicionalmente, preferência para tentar um 2º mandato.
Primárias x Caucus
Na prática, as primárias e caucus possuem o mesmo objetivo: escolher o candidato que representará o partido na eleição. A diferença entre os 2 está na forma em que a escolha é feita.
Nas primárias, o eleitor se desloca para o local de votação a qualquer hora do dia e escolhe o candidato que ele deseja que represente o partido nas eleições. O voto é feito numa cédula de papel e o evento é organizado pelos governos estaduais.
No entanto, alguns Estados como Iowa, Wyoming e Nevada não realizam primárias, no lugar, promovem os caucus, que adotam um formato distinto de votação.
Ao contrário do voto em cédulas, é feita uma espécie de “gincana” e somente filiados dos partidos podem participar. Eles se reúnem em um local conhecido como precinto –que pode ser uma igreja, escola ou ginásio– onde são separados em grupos, de acordo com o pré-candidato que desejam votar. Em algumas ocasiões, eles apenas levantam as mãos e declaram seu voto.
Ao final de cada prévia eleitoral, é feita a contagem dos votos e o número de delegados que o candidato conquistou é computado.
Colorado e Maine
Além da preocupação em conquistar os delegados suficientes, Trump também enfrenta obstáculos judiciais que podem impedir que ele dispute as eleições.
Ao menos 34 Estados norte-americanos receberam pedidos de contestações formais sobre a candidatura do ex-presidente. Dentre esses, 2 já decidiram tornar o republicano inelegível na região: Colorado e Maine. Outros 19 Estados ainda estão avaliando os requerimentos e 9 negaram.
Em 20 de dezembro, a Suprema Corte do Estado do Colorado determinou que Trump não poderia concorrer às primárias no Estado. Segundo o tribunal estadual, o ex-presidente cometeu insurreição no caso da invasão do Capitólio, sede do congresso norte-americano, em 6 de janeiro de 2021. Leia mais nesta reportagem.
Dias depois, a autoridade eleitoral do Maine decidiu que o nome de Trump também não poderia constar nas cédulas de votação para as primárias republicanas na região pelo mesmo motivo.
As sentenças não impossibilitam que Trump concorra à eleição presidencial. A decisão tem validade estadual e impede apenas que o nome do ex-presidente apareça nas cédulas de votação para a primária do Partido Republicano nos Estados.
Na prática, o prejuízo para Trump seria a perda de delegados, já que ele não poderá ser votado nas primárias nesses locais. A defesa do ex-presidente recorreu das duas decisões.
No entanto, mesmo que o republicano continue impossibilitado de participar das prévias nesses Estados, não deve afetar significativamente o seu desempenho na corrida eleitoral.
Isso porque, mesmo réu em 4 processos, Trump é o favorito à indicação republicana. Em 4 de janeiro, o agregador de pesquisas FiveThirtyEight indicava que o ex-presidente tem 61,8% das intenções de voto dentro do seu partido. Quase 50 p.p. atrás, está o governador da Flórida, Ron DeSantis, com 12,1%.
Trump x Biden
Um levantamento feito pelo The Economist em 1º de janeiro mostra uma disputa apertada. Há 11 meses das eleições, Trump e Biden aparecem empatados em uma possível disputa, com 44% dos votos válidos.
Esta reportagem foi escrita pela estagiária de jornalismo Eduarda Teixeira sob supervisão do editor Lorenzo Santiago.