Por Bruno Kelly
MANAUS (Reuters) - Francisco Mateus da Silva, de 67 anos, passou uma hora andando pelos bancos de areia e leitos secos de rios na região em que ele vive na Amazônia para encontrar comida e água em meio à pior seca já registrada na região, que paralisou todo o transporte fluvial.
"É muito difícil para nós porque estamos acostumados a viajar aqui pelo rio. O rio é a nossa rua. Sem água, não conseguimos nem sair. Estamos praticamente isolados", disse Silva à Reuters.
O Estado do Amazonas tem 62 municípios em estado de emergência devido à seca, enquanto o Estado vizinho do Acre, outros 21. Cerca de 70% de todas as cidades da região estão sendo afetadas pela seca, com quase 300 sob condições severas ou extremas, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Silva disse que a seca deste ano e do ano passado foi "muito severa", causando muitos danos e acabando com os peixes.
Elineide Rodrigues também vive na mesma comunidade, São Francisco do Mainã, entre o rio Amazonas e a lagoa Puraquequara, não muito longe de Manaus, a capital do Estado.
Normalmente, ela atravessaria a lagoa de barco para fazer compras na capital, mas agora que a lagoa foi reduzida a meros centímetros de água, ela precisa caminhar pelo caminho.
"Nosso maior problema é nossa locomoção, para podermos fazer compras e também para que os alunos consigam chegar até a escola. Temos que andar vários quilômetros nesses dias", disse ela.
O rio Negro, principal acesso a Manaus, já está 20 centímetros abaixo do recorde de baixa que atingiu no ano passado, o que já está afetando o acesso a suprimentos na cidade e nas comunidades ao redor.