O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), confirmou no início da noite desta sexta-feira, 25, que Gilberto Kassab, presidente do PSD, será secretário de Governo do Estado em sua futura gestão à frente do Palácio dos Bandeirantes. Questionado por jornalistas ao chegar a evento organizado pelo Esfera Brasil, em hotel no Guarujá, Tarcísio confirmou a informação e disse que o anúncio será feito oficialmente na próxima semana. "Vai (ser secretário), secretário de governo", disse.
Mais cedo, no mesmo evento, Kassab havia desconversado ao ser indagado sobre o assunto. "Vou ajudar o governador Tarcísio nas missões desejadas. Não houve esse convite. Se houver, vou ficar honrado. Será uma honra participar do seu governo se ele achar adequado", disse. "Não precisa estar no governo para ajudar", completou o presidente nacional do PSD.
Kassab é visto como um elo entre o futuro governo paulista e o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nos bastidores, petistas admitem que o presidente nacional do PSD tem ajudado na articulação para aprovação da PEC da Transição, que deve deixar o Auxílio Brasil fora do teto de gastos. Nesta sexta-feira, Kassab disse que os governos Tarcísio e Lula se unem na preocupação com a questão social, sendo que, de acordo com ele, a gestão do petista será de centro-esquerda e a do futuro chefe do Executivo paulista será de centro-direita.
Durante conferência no evento organizado pelo Esfera, Kassab saiu em defesa da PEC da Transição desde que com responsabilidade fiscal. "(O Auxílio Brasil) é tão importante, tão consensual, que em plena campanha eleitoral, uma campanha tão acirrada, todos, inclusive os liderados pelo presidente Lula, votaram a favor desse auxílio", disse.
"Não há quem fique contra essa PEC, porque ela vai viabilizar a continuidade desse auxílio. O que precisa ser discutido é qual a extensão dessa PEC, sua dimensão em termos de valores e de prazo. Me incluo entre os que apoiam essa PEC, mas que alerta para os cuidados de preservarmos nossa estabilidade fiscal. (...) Eu tenho dito aos parlamentares que me procuram: vamos encontrar um ponto de equilíbrio", afirmou Kassab.
A futura nomeação de Kassab também consolida o avanço do PSD na gestão Tarcísio e diminui a influência do bolsonarismo. Ele é o segundo nome do partido escolhido para integrar uma secretaria na gestão do futuro governador, que também conta com o vice-governador eleito Felicio Ramuth (PSD).
Neófito na política, Tarcísio de Freitas, ex-ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro, contou com o comando de Kassab para angariar apoio político nos bastidores de sua campanha. O ex-prefeito foi responsável por organizar um palanque que tinha a retaguarda do atual chefe do Executivo, mas não possuía nenhuma estrutura política no Estado. Com a chegada do PSDB, que apoiou a candidatura do ex-ministro no segundo turno, o presidente do PSD foi peça-chave para tomar decisões sobre divisões de cargos e espaços no novo governo.
O embarque oficial na estrutura de governo de Tarcísio, apadrinhado pelo presidente Jair Bolsonaro, vai obrigar Kassab a se equilibrar nas discussões com o presidente eleito, já que o PSD também busca espaços em ao menos dois ministérios petistas para ser base do novo governo federal. Por outro lado, seu espaço ao lado de Tarcísio pode facilitar as negociações com o governo federal que, como mostrou o Estadão, serão necessárias para tirar do papel projetos de interesse dos paulistas que se arrastam há anos.
Ao comentar o que espera do novo governo federal em evento do Esfera, Kassab disse que prevê que este será um governo "sob o comando" de Lula, que, nas palavras deles, é "uma pessoa habilidosa e que vai necessariamente ter que somar as diversas posições que tem nessa aliança", disse.
"Entendo que será um governo de centro-esquerda ( ) Em contraponto com o que está acontecendo em São Paulo, um governo de centro-direita", disse Kassab, que afirmou ainda que o governo de São Paulo e o governo federal terão desafios semelhantes.