O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) decidiu comparecer à manifestação em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu padrinho político, para o próximo dia 25 de fevereiro na Avenida Paulista, em São Paulo. O próprio Bolsonaro convocou o ato dias após ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga a participação dele e de aliados em uma suposta tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022.
A presença de Tarcísio na manifestação foi confirmada pelo Estadão junto à assessoria do governador. Em um vídeo publicado nas redes sociais, o ex-presidente disse que a manifestação será "ato pacífico em defesa do nosso Estado Democrático de Direito" e pediu que os seus apoiadores não levem faixas "contra quem quer que seja.
À CNN Brasil, Tarcísio também reforçou o caráter pacífico do ato. "Essa será uma manifestação pacífica de apoio ao [ex-] presidente, e eu vou estar ao lado do presidente Bolsonaro, como sempre estive", disse.
No passado, manifestações em apoio a Bolsonaro tiveram faixas pedindo intervenção militar, fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e prisão de ministros como Alexandre de Moraes.
Como mostrou o Estadão, o governador e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB-SP) sofrem pressão de bolsonaristas para comparecerem ao ato. Procurada, a assessoria do prefeito, que terá o apoio do PL e de Bolsonaro nas eleições de 2024, não respondeu se ele também estará presente.
Tarcísio foi ministro de Infraestrutura no governo Bolsonaro e foi lançado pelo ex-presidente como candidato ao governo de São Paulo. Assessor do ex-presidente, Fabio Wajngarten comentou uma publicação nas redes sociais que cobrava a presença de políticos eleitos com o apoio de Bolsonaro no ato do dia 25. "E a turma que quer ser eleita com o apoio bolsonarista..", acrescentou Wajngarten.
Outro que foi às redes sociais reclamar da falta de apoio foi o coronel da PM Ricardo de Mello Araújo, cotado para ser vice do PL na chapa de Nunes. Ele criticou a ausência de posicionamento de "governadores eleitos nas costas do presidente Bolsonaro" após a apreensão do passaporte do ex-presidente e da prisão em flagrante de Valdemar Costa Neto, que já teve a liberdade concedida. "Cadê o povo da direita se manifestando?", declarou ele.
Bolsonaro foi um dos alvos da operação Tempus Veritatis na última semana e precisou entregar seu passaporte às autoridades. A PF apura a participação do ex-presidente em uma articulação para dar um golpe de Estado, impedindo as eleições de 2022 ou a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A revelação de uma reunião em que o ex-presidente fala em "reagir" antes das eleições e as conversas de aliados sobre uma possibilidade de ruptura aproximaram as investigações do ex-chefe do Executivo.
A PF também apura outros casos envolvendo o ex-presidente e seu entorno, como a suposta venda de joias que pertenceriam a União, revelada pelo Estadão, a criação de uma Abin paralela no governo, a falsificação de dados de cartões de vacinação e a operação de milícias digitais.
No vídeo, Bolsonaro afirma que, no evento, quer se defender "de todas as acusações que têm sido imputadas" a ele. "Mais do que discursos, uma fotografia de todos vocês, pois vocês são as pessoas mais importantes desse evento. Para mostrar para o Brasil e para o mundo a nossa união, as nossas preocupações, o que nós queremos", completou.