Genebra, 25 ago (EFE).- A alta comissária da ONU para os Direitos
Humanos, Navi Pillay, disse hoje que os Estados Unidos deveriam
pagar indenizações às pessoas que manteve detidas por períodos
prolongados e sem provar que cometeram algum crime, ou que sofreram
torturas.
"Algumas pessoas perderam sete anos de suas vidas e podem ter
ficado severamente prejudicadas do ponto de vista psicológico,
físico e econômico, simplesmente porque estiveram no lugar e momento
errados", disse a alta comissária das Nações Unidas.
Em declaração divulgada em Genebra, Pillay comemorou a decisão do
Departamento de Justiça dos EUA de que um promotor especial
investigue os abusos cometidos pela CIA (agência de inteligência
americana) no interrogatório de supostos terroristas.
Trata-se de uma "decisão responsável", disse a alta comissária,
acrescentando que espera que sejam analisadas com rapidez as
denúncias de abusos apresentadas tanto por antigos quanto por atuais
detidos em Guantánamo e em outras prisões controladas pelos EUA fora
do país.
Lembrou que sua preocupação sempre foi que "não houvesse
impunidade por torturas ou qualquer outro tratamento ilegal aos
detidos, fossem nos Estados Unidos ou em outra parte do mundo".
Considerou que isso mostra a necessidade de "mais transparência
sobre os lugares secretos de detenção e o que aconteceu ali", depois
que o mundo tivesse uma ideia do ocorrido na base militar de
Guantánamo e, "em menor medida", nas prisões de Abu Ghraib (Iraque)
e Bagram (Afeganistão), sob controle dos EUA.
"O segredo foi uma parte importante do problema com este tipo de
regime de detenção", disse Pillay, após explicar que, nesses
ambientes, "os guardas e encarregados de interrogatórios pensavam
que estavam a salvo da vigilância" e que "era muito fácil ignorar as
leis".
Esta reação ocorre depois da divulgação nos EUA, por ordem
judicial, de um relatório sobre os abusos cometidos por agentes da
CIA quando interrogavam suspeitos de pertencer à Al Qaeda.
Além disso, Pillay também expressou sua satisfação com a
libertação de um jovem afegão que foi feito prisioneiro em 2002,
quando tinha apenas 12 anos, e cujas acusações foram julgadas
inadmissíveis no ano passado. EFE