Investing.com – As ações de países desenvolvidos, incluindo as americanas, estariam com preços demasiadamente elevados e devem passar por uma correção ou estagnação. Enquanto isso, países emergentes estariam com tendências mais favoráveis. Essa é a visão de Luiz Fernando Araújo, CEO da Finacap Investimentos.
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“Então a gente acha que a perspectiva pra commodities e mercados emergentes, nos próximos anos, se seguir esse padrão histórico, vai ser bem interessante e tende a superar essa performance dos países desenvolvidos, que nos últimos anos foram os grandes vencedores”, destacou, em entrevista ao Investing.com Brasil.
Sediada em Recife e com escritório em São Paulo, o foco da companhia é direcionado à renda variável e estratégia de investimento em valor. A casa atua no mercado desde 1997, tanto na área de gestão de investimentos, com três fundos, quanto na de gestão de patrimônio. No total, contempla R$ 1,5 bilhão sob gestão, considerando as atividades de asset e wealth.
Confira entrevista:
Investing.com – Quais os principais fatores que devem movimentar os mercados neste final de ano e começo do próximo no mercado local?
Luiz Fernando Araújo – O custo de oportunidade para investir em bolsa ficou muito desinteressante. A gente trabalha muito com o investidor de fundo de pensão. Por exemplo, o fundo de pensão, tem a principal meta bater inflação mais 5,5% ou mais 6%, por exemplo. Então, hoje, esses gestores conseguem esse tipo de rentabilidade investindo em título público. A gente observou muita saída, muita rotação de portfólio para renda fixa devido aos juros altos.
Preço das ações é oferta e demanda. Se tem pouca demanda, é os preços caem. À medida que os juros caem, com curva descendente, todas reformas econômicas dos últimos anos, a própria autonomia do Banco Central, convergência da inflação da meta, isso gerou muita credibilidade, então a tendência é de que as taxas longas também fechem.
Ainda, há expectativa de um retorno desse fluxo que saiu nos últimos anos, esse é o principal fator que o investidor deve monitorar. Com juros caindo, pode ter fluxo de entrada local, principalmente do investidor institucional, e isso afeta positivamente a performance da bolsa.
Inv.com – E no mercado externo?
Araújo – Nossa leitura é de que, no cenário internacional, o ciclo chegou em um patamar de virada ou próximo deste. Então, a expectativa é de entrar novamente em um ciclo de retração, de estagnação para os ativos de risco, porque inclusive estão ainda com precificação muito elevada.
A rentabilidade projetada do S&P é muito baixa para compensar o risco. Então vai ter que ter um ajuste nesses preços para que novamente os ativos americanos e dos países desenvolvidos gerem um retorno esperado com um prêmio que justifique o risco. Então, para isso ocorrer, precisa ocorrer uma queda, que pode ser brusca ou pode ser gradual, ao longo dos próximos anos.
Esse fenômeno pode já estar ocorrendo. A pandemia adiou esse processo na medida que ela desorganizou todo sistema e fortaleceu principalmente aqueles players de tecnologia, que são os grandes drivers americanos.
Logo na sequência da pandemia, as ações ainda ficaram mais caras. Mas agora, depois de 2021 e 2022, esse movimento parece que já voltou, essas empresas já têm corrigido negativamente, a performance desse ano já não deve ser tão interessante.
Então a gente acha que a perspectiva pra commodities e mercados emergentes, nos próximos anos, se seguir esse padrão histórico, vai ser bem interessante e tende a superar essa performance dos países desenvolvidos, que nos últimos anos foram os grandes vencedores.
Inv.com – Quais os principais setores que podem ser destaque neste final de ano ou no ano que vem? Alguma mudança de estratégia vem sendo recomendada neste final de ano?
Araújo – Temos exposição muito forte de commodities, tendo em vista ciclo econômico. Nos primeiros 10 anos do século, a grande locomotiva foi a China. Dessa vez, pode ser uma das locomotivas para esse rali de commodities, a transição energética.
Para mudar do petróleo para energia elétrica, vai precisar muito aço, eólica, energia solar, etc. A Índia também é uma economia que está entrando numa fase parecida que a China teve há uns 30 anos, o que tende a fazer com que a economia indiana consuma mais e substitua perda de consumo da China, que deve ter taxa de crescimento mais moderada, levando em conta o envelhecimento da população. Assim, focamos na transição energética e performance das commodities.