LIMA (Reuters) - O governo do presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, disse que está auxiliando a procuradoria-geral a obter informações de procuradores do exterior depois que a empreiteira brasileira Odebrecht admitiu em um acordo de delação que distribuiu 29 milhões de dólares em propinas a autoridades locais ao longo dos mandatos de três presidentes.
Kuczynski não foi implicado em nenhum ato de corrupção, enfatizou o primeiro-ministro peruano, Fernando Zavala, na quarta-feira, depois que a Odebrecht reconheceu ter desembolsado 20 milhões de dólares para beneficiar um funcionário de alto escalão aproximadamente em 2005, quando Kuczynski era ministro das Finanças e depois premiê do presidente Alejandro Toledo.
Os procuradores do Peru estão investigando possíveis irregularidades nos contratos locais da Odebrecht desde o início da Operação Lava Jato no Brasil, que implicou a empresa, mas ainda não apresentaram acusações.
"Somos contra qualquer tipo de corrupção e iremos apoiar os organismos relevantes para que estas investigações sejam aprofundadas", disse Zavala em uma coletiva de imprensa semanal.
No início deste mês, a procuradoria-geral reabriu um inquérito preliminar de corrupção para saber se Kuczynski e Toledo ajudaram a Odebrecht a obter contratos de infraestrutura de 500 milhões de dólares em 2005 depois de concluir que a investigação foi encerrada prematuramente.
Kuczynski irá continuar a cooperar com os procuradores, afirmou Zavala, segundo o qual o inquérito resultou de uma lei aprovada durante o mandato de Toledo que foi "aprovada pelo Congresso, não pelo presidente".
De acordo com um grande acordo de delação que a Odebrecht fechou nos Estados Unidos na quarta-feira, a construtora fez pagamentos de 20 milhões de dólares a empresas de propriedade do intermediário de uma autoridade que se ofereceu para lhe garantir um contrato de infraestrutura, parte dos 29 milhões de dólares em propinas que a Odebrecht distribuiu no Peru aproximadamente entre 2005 e 2014.
O acordo abalou o Peru, já que ameaça expor a corrupção nos altos escalões dos governos de Toledo e dos ex-presidentes Alan Garcia e Ollanta Humala.
Os procuradores alegaram que Humala recebeu fundos ilícitos da Odebrecht, e em novembro disseram ter indícios para condená-lo por lavagem de dinheiro.
(Por Mitra Taj e Marco Aquino)