Por Jose Elías Rodríguez
MADRI (Reuters) - A Abengoa, companhia da Espanha que quer evitar tornar-se a maior falência da história do país, está formulando uma reestruturação que espera que os credores irão aceitar antes da data limite de 28 de março, depois da qual terá que declarar insolvência.
Fontes com conhecimento do assunto disseram que uma declaração de falência, como parte do plano a ser acertado com os credores, iria permitir que bancos aceitem reduções nas renegociações de pagamentos de dívidas e trocas de dívida por ações e além de oferecerem maiores garantias de futuras injeções de recursos na companhia.
Isso significaria termos mais favoráveis para os credores do que se a situação se arrastar até março sem um acordo, dando tempo para uma reestruturação de dívida e venda de ativos sem que precisem absorver todo o passivo da companhia como perdas em seus balanços financeiros, disseram as fontes.
Contudo, as fontes não deram detalhes de como seriam as reduções nos pagamentos de dívidas ou outros possíveis aspectos do acordo de reestruturação, uma vez que os credores ainda aguardam que sugestões da Lazard, contratada pela Abengoa, que deverão ser apresentadas até meados de janeiro.
A lei espanhola diz que o grupo de engenharia e energia elétrica precisa declarar insolvência se nenhum acordo for alcançado até 28 de março.
A Abengoa, que assinou um acordo com bancos credores na semana passada para receber 106 milhões de euros em uma linha de crédito para manter a companhia funcionando, disse nesta quarta-feira que devia cerca de 5,5 bilhões de euros para fornecedores.
Quando somados aos 8,9 bilhões de euros em dívida bruta divulgados anteriormente pelo grupo em novembro, as dívidas da companhia ficam perto de 15 bilhões de euros, ou cerca de 17 vezes os lucros da companhia nos primeiros nove meses do ano.
A Abengoa tem projetos no Brasil, incluindo uma das linhas de transmissão da usina hidrelétrica de Belo Monte.
Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) visto pela Reuters, "a obra foi paralisada no mês de dezembro", após a matriz da Abengoa entrar com pedido preliminar de recuperação judicial na Espanha, e com isso não deverá cumprir o cronograma necessário para garantir a geração de energia sem limitações na usina do Xingu.