Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - As ações da Petrobras (SA:PETR4) desabaram cerca de 14 por cento na bolsa brasileira nesta quinta-feira, levando a perda de 47 bilhões de reais em valor de mercado da estatal, após a companhia reduzir o preço do diesel por causa dos protestos dos caminhoneiros, deixando investidores apreensivos com o risco de interferência política na petrolífera com controle estatal.
Os papéis preferenciais, sem direito a voto, mas com preferência na distribuição de dividendos, caíram 13,71 por cento e fecharam a 20,08 reais. As ações ordinárias, com direito a voto, recuaram 14,55 por cento, a 23,20 reais. Apesar da forte queda nos papéis, eles ainda acumulam valorização em 2018, de 25 e 37 por cento, respectivamente.
O tombo das ações nesta quinta-feira levou a companhia a ter um valor de mercado de 285,2 bilhões de reais. Isso fez com que a Petrobras deixasse de liderar o ranking de valor de mercado da bolsa, com a Ambev (SA:ABEV3) recuperando o posto, com valor de mercado de 319,6 bilhões de reais.
Pressionada pelo governo, a Petrobras anunciou na quarta-feira à noite redução em 10 por cento no valor do diesel nas refinarias a partir desta quinta-feira, por quinze dias, em uma decisão "excepcional" devido aos protestos dos caminhoneiros, que deve resultar em perda de 350 milhões de reais em receita para a companhia.
Em teleconferência com analistas nesta quinta-feira, o presidente-executivo da Petrobras, Pedro Parente, tentou acalmar agentes financeiros, sem êxito. Ele disse que não deixaria o comando da companhia na atual situação e que os planos de desinvestimento, desalavancagem e redução da dívida da empresa não devem ser afetados pela decisão da véspera.
"As regras do jogo mudaram", destacou o analista André Hachem, do Itaú BBA, que cortou a recomendação das ações preferenciais para 'market perform" e reduziu o preço-alvo para 27 reais ante 32 reais, conforme relatório enviado a clientes.
O analista do Credit Suisse Regis Cardoso reduziu a recomendação para os ADRs (recibo de ação negociado nos EUA) para 'neutra', afirmando que os eventos recentes envolvendo a companhia trouxeram a "política técnica de preços da Petrobras para o debate político" e que ele teme um aumento dos riscos de interferência.
"Tudo o que precisa é uma pequena percepção de intervenção negativa", afirmou o analista Bruno Montanari, do Morgan Stanley (NYSE:MS), que também reduziu a recomendação do ADRs da empresa de 'overweight' para 'equal-weight' e ainda cortou o preço-alvo de 15 para 13 dólares.