Investing.com - As ações da Ambev (SA:ABEV3) eram negociadas em forte baixa nesta quinta-feira (29), depois de a companhia reportar lucro de R$ 2,36 bilhões no terceiro trimestre, 9,4% menor do que no mesmo período do ano anterior, com aumento de despesas e pressão sobre as margens pela pandemia, apesar de crescimento de volumes e receita.
Os papéis caíam 5,1%, a R$ 2,69, às 12h38, contra queda de 0,6% do Ibovespa.
A Mirae Asset espera que um aumento na concorrência continue pressionando a empresa, que não conseguiu entregar aumento de margens apesar do crescimento de volumes. A corretora espera aumento no volume de vendas nos próximos trimestres e mantém recomendação Neutra, com preço-alvo de R$ 15,45.
A XP, por sua vez, afirma que a recuperação em V reportada pela Ambev foi além de suas expectativas, apesar de ver pressão sobre as margens no curto prazo, além de ver como riscos uma segunda onda de Covid-19 e a desvalorização do real. Por acreditar nas iniciativas de inovação da Ambev, a liderança no mercado e o contínuo foco na excelência operacional, a corretora reitera Compra, com preço-alvo de R$ 17,15.
Balanço
A receita líquida cresceu 30,5%, para 15,6 bilhões de reais, enquanto o volume alcançou 42,4 milhões de hectolitros. Em termos orgânicos, houve alta de 15,1% e 12%, respectivamente.
A receita líquida cresceu no Brasil (21,2%), na América Central e Caribe (CAC) (1,9%), na América Latina Sul (15,1%) e no Canadá (6,4%), também considerando desempenho orgânico. No Brasil, o volume cresceu 19,8% e a receita líquida por hectolitro aumentou 1,2%.
"Todos os países apresentaram melhorias sustentadas de volume a partir do segundo trimestre à medida em que as restrições foram gradualmente flexibilizadas nos países em que operamos, com algumas exceções", afirmou a fabricante de bebidas.
"Em Cerveja Brasil, nós tivemos uma performance consideravelmente melhor que a indústria, impulsionados pela implementação bem sucedida da nossa estratégia comercial, adaptabilidade do nosso calendário de preços e efeito líquido positivo dos subsídios governamentais no suporte à renda disponível dos consumidores", acrescentou.
O custo dos Produtos vendidos (CPV) aumentou em 26,6%. Em uma base por hectolitro, o CPV aumentou 13%. A despesa com vendas, gerais e administrativas (SG&A) subiu 8,9%.
O resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou em 5 bilhões de reais, alta de 15% ano a ano, enquanto a margem caiu para 32,5%, de 36,9% em igual período de 2019.
O resultado financeiro, por sua vez, ficou negativo em 1,1 bilhão de reais, ampliando em relação ao resultado negativo de 305,8 milhões de reais. Entre as razões para tal desempenho, a companhia citou despesas com juros de 539,3 milhões de reais e perdas com instrumentos derivativos de 562,7 milhões de reais, com custo de carrego de hedges cambiais, entre outros.
De acordo com a Ambev, o fluxo de caixa das atividades operacionais foi de 7 bilhões de reais no período, alta de 99,3% ano a ano, enquanto os investimentos (capex) alcançaram 1,1 bilhão de reais, queda de 29,5%.
"O impacto total da pandemia da Covid-19 em nossos resultados futuros permanece incerto, mas nossas ações serão orientadas no sentido de manter o momentum da nossa recuperação em formato de 'V' dos volumes e da receita", citou a empresa, acrescentando que o cenário continua desafiador.
As ações acumulam queda de 28% em 2020, enquanto a empresa luta contra uma forte concorrência que pressiona os preços.
--Com colaboração da Reuters