SÃO PAULO (Reuters) - As ações de empresas de proteínas mostravam forte valorização na bolsa paulista nesta segunda-feira, com JBS (SA:JBSS3) chegando a disparar mais de 9%, em meio a notícias relacionadas principalmente ao mercado chinês, tanto em termos de demanda como eventual mudança nas tarifas de importação por Pequim.
Por volta de 17:15, os papéis da JBS avançavam 8,8%, liderando as altas do Ibovespa, que cedia 0,19%. A alta vem após a maior processadora de carnes do mundo acumular em novembro até a última sexta-feira queda de mais de 10%. Na sequência, Marfrig (SA:MRFG3) e BRF (SA:BRFS3) subiam 6,3% e 5,75%, respectivamente.
Fora do Ibovespa, Minerva (SA:BEEF3) tinha elevação de 5,46%.
Agentes financeiros também repercutiam comentário de executivos da Minerva durante evento da empresa com investidores e analistas em São Paulo no sentido de eventual redução ou eliminação de tarifa de importação da China para carnes da América do Sul.
"A carne da América do Sul é taxada. Tem 24% de taxação. Um dos instrumentos que estamos vendo é a redução dos impostos de importação", disse o fundador e presidente-executivo da Minerva, Fernando de Queiroz.
"Na China, as estatais estão sendo isentas destes impostos de importação. Isto dá a oportunidade única para América do Sul ser mais competitiva. Nova Zelândia e Austrália têm imposto zero. Seremos mais competitivos neste momento já que eles estão preocupados com inflação alimentar."
O diretor de Relações Institucionais da Minerva, João Sampaio, disse que a revisão nas tarifas chinesas é uma pauta do governo do presidente Jair Bolsonaro.
"Marcos Troyjo (secretário de Comério Exterior do Ministério da Economia) já está tratando deste tema. Já foi pauta do Brasil e já foi pauta do Mercosul. Recentemente, com a visita de Jair Bolsonaro à China, o ministro Ernesto Araújo (ministro das Relações Exteriores) já teve uma conversa neste sentido. Então acho que pode avançar."
Ainda no radar continua a potencial oferta de ações da JBS pelo braço de investimentos em empresas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que já contratou bancos para coordenarem a transação.
Na semana passada, o presidente do conselho de administração do BNDES, Carlos Thadeu de Freitas, afirmou que o banco de fomento deverá vender cerca de metade de sua participação na processadora de carne até o final do ano, em operação que pode levantar 7,8 bilhões de reais.
Números no fim de semana também mostraram que as importações de carne suína pela China dobraram em outubro ante o mesmo mês de 2018, com os atacadistas estocando os suprimentos depois que a peste suína africana dizimou o enorme rebanho de porcos no país.
As importações de carne bovina pelo país asiático, normalmente mais caras do que a carne suína, saltaram 63,2% no mês passado na comparação ano a ano. As importações de frango, por sua vez, dispararam 64%.
(Por Paula Arend Laier e Ana Mano)