Por Tim Hepher e Marcelo Rochabrun e Tatiana Bautzer
PARIS/SÃO PAULO (Reuters) - O acordo de 4,2 bilhões de dólares para a Boeing comprar o controle da divisão de aviação comercial da Embraer (SA:EMBR3) atingiu um obstáculo para implementação, criando incertezas sobre o negócio a menos que um avanço seja obtido rapidamente, afirmaram fontes com conhecimento das discussões.
As companhias mantêm conversas para determinar se várias condições contratuais foram cumpridas para a implementação da venda, incluindo a forma pela qual a joint-venture 80% controlada pela Boeing vai ser criada e financiada. As partes têm até o final desta sexta-feira para resolver a questão.
O acordo também depende de aprovação da União Europeia, que afirmou anteriormente que precisa aguardar até agosto para completar uma análise sobre a transação. Mas a aprovação das autoridades europeias não é considerada como o principal obstáculo para a conclusão do negócio.
Representantes das duas empresas não comentaram o assunto.
Sob um acordo preliminar assinado no início do ano passado, Boeing e Embraer tinham até esta sexta-feira - 15 meses após a assinatura inicial - para concluir o acordo e implementar uma série de termos e condições de ambos os lados.
Pessoas familiarizadas com o assunto enfatizaram que o prazo termina à meia-noite de São Paulo e que ainda pode ser alcançado um acordo para resolver diferenças pendentes, embora duas fontes tenham dito que as negociações não estavam avançando rápido.
A Embraer disse nesta semana que negociava com a Boeing para estender o prazo de 24 de abril para fechar o acordo e que não havia garantias sobre se ou quando poderia ser concluído.
A ação da Embraer caía cerca de 11%, em dia forte queda do Ibovespa, após o ministro da Justiça, Sergio Moro se demitir acusando o presidente Jair Bolsonaro de interferência política na Polícia Federal.
A Reuters publicou no mês passado que mercados fracos levantaram questões urgentes sobre o rumo do acordo da Boeing com a Embraer. A queda nas ações da Embraer e as preocupações com o caixa da Boeing, na esteira do impacto da epidemia de coronavírus nas viagens aéreas, minaram os fundamentos econômicos da transação.
Uma fonte familiarizada com as negociações disse que a Boeing segue comprometida com o negócio e que seria complexo reverter a divisão do braço comercial da Embraer, cujos jatos regionais E2 competem com o Airbus A220.
Analistas não descartam uma segunda tentativa de concluir o acordo estratégico se o negócio fracassar.
O contrato tem uma multa de rescisão de 75 milhões de dólares, subindo para 100 milhões de dólares se for por motivos antitruste, de acordo com uma cópia do acordo enviado às autoridades dos EUA.