SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central manteve nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 6,5 por cento ao ano, contrariando amplas expectativas de corte de 0,25 ponto percentual, argumentando que o cenário externo tornou-se mais desafiador.
Veja abaixo comentários de especialistas:
JOSÉ FRANCISCO GONÇALVES, ECONOMISTA-CHEFE, BANCO FATOR
"Eu não esperava. É uma situação daquelas que os membros do comitê podem argumentar que trabalhararam no limite do julgamento. É o 'feeling' de cada um.
O peso do chamado choque externo foi maior do que a piora da atividade e da inflação, tanto corrente como nas expectativas. O ponto foi o choque cambial e não tenho a menor dúvida que eles não quiseram se arriscar. Agora, a Selic fica parada neste patamar e dependerá do efeitos do câmbio sobre a inflação, e isso está em aberto diante da atividade fraca. Continuou achando que a Selic só volta a subir em 2019".
MARCO CARUSO, ECONOMISTA, BANCO PINE:
"A decisão é muito baseada no cenário de riscos. Os condicionantes, excluindo o balanço de riscos, ainda trabalhariam a favor de um corte. Eles preferiram 'play safe', já que teve uma chacoalhada no balanço de riscos. Segue válido que, se não tiver um chacoalhão muito maior, se a gente não tiver um segundo chacoalhão, fica prevalecendo um cenário de Selic muito baixa.
CARLOS LOPES, ECONOMISTA, BANCO VOTORANTIM:
"Apesar de não ter sido a nossa projeção nem nossa expectativa, a decisão não chega a surpreender. Essa discussão estava na mesa, o BC havia sinalizado lá atrás que cabia mais um corte, dadas as condições econômicas, principalmente inflação, balanço de riscos e expectativas. O cenário externo evoluiu pior que o esperado, tanto para o mercado, quanto para o BC.
Agora, a gente chega num ponto em que o próximo movimento é pra cima. Ainda estamos muito longe do movimento, talvez na primeira metade do ano que vem. Mesmo que seja no início do ano que vem, é um horizonte bastante longo."
(Por Patrícia Duarte, Iuri Dantas e Bruno Federowski; Edição de Aluísio Alves)