Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - A companhia paulista de água e saneamento Sabesp (SA:SBSP3) planeja investir 2,3 bilhões de reais em 2017, dos quais 67 por cento serão destinados à oferta de água, afirmou o diretor financeiro, Rui Affonso, nesta terça-feira.
Segundo o executivo, a Sabesp está retornando a níveis de alavancagem anteriores à crise hídrica iniciada em 2014. O indicador de dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) fechou 2016 em 2,58 vezes ante 3,26 vezes em 2015, afirmou.
A empresa informou mais cedo lucro líquido de 947 milhões de reais para o quarto trimestre, mais que o dobro do obtido no mesmo período de 2015. ÀS 12h05, as ações da companhia subiam 1,17 por cento, ante alta de 0,3 por cento do Ibovespa.
Affonso comentou durante teleconferência de resultados que o volume disponível de água para a distribuição na região metropolitana de São Paulo estava em 1,3 trilhão de litros na semana passada, incluindo a chamada reserva técnica, acima dos 919 bilhões de litros na mesma época do ano passado e dos 604 bilhões de litros de 2014.
A produção de água de 63 metros cúbicos por segundo, porém, está ainda abaixo dos cerca de 70 metros cúbicos verificado antes da crise hídrica que afetou o abastecimento de água de São Paulo.
O diretor financeiro afirmou que a diferença explica-se por mudança de hábitos de consumo da população, que passou a economizar mais após a crise, e à própria recessão brasileira, que tem reduzido o consumo.
Porém, a Sabesp viu o índice que mede vazamentos e outras perdas de água subir em 11 por cento em 2016, para 31,8 por cento. Affonso afirmou que o crescimento das perdas "já era esperado" uma vez que as medidas para reduzir pressão na rede de distribuição acabam afetando as tubulações quando a pressão é restabelecida.
A Sabesp pretende investir 13,9 bilhões de reais entre 2017 e 2021, dos quais 7 bilhões de reais em água e o restante em coleta e tratamento de esgoto. Affonso não detalhou o montante a ser aplicado em uma eventual redução de índice de perdas de água, mas afirmou que a prioridade da companhia nos próximos 2 anos "será amplificação da segurança hídrica da região metropolitana de São Paulo".
A empresa tem um eurobond a vencer em 2020, mas Affonso afirmou que o título não representa dificuldade para a Sabesp e que um eventual refinanciamento não está descartado. "Temos todos os instrumentos de saída (do título). Em algum momento tomaremos decisão se refinanciaremos fora (do Brasil) ou dentro", afirmou o executivo.