Alejandro Rincón Moreno.
Bogotá, 29 jul (EFE).- A América Latina disputa a liderança mundial em tratamentos médicos e estéticos para turistas com a União Europeia e a Ásia, um mercado superior a 3% da população global com lucro próximo dos US$ 60 bilhões ao ano, informaram nesta segunda-feira fontes do setor.
Brasil, México e Colômbia lideram este turismo no continente, segundo o World Travel Trends Report 2012/2013 (ITB), que mede as tendências de viagem no mundo, devido à proximidade com os Estados Unidos, os baixos custos e o credenciamento internacional de seus profissionais.
Os líderes mundiais neste tipo de turismo são Alemanha, Hungria, Coreia do Sul e Índia.
"Em muitos países, os custos dos tratamentos estão crescendo rapidamente, e também as listas de espera. Viajando ao exterior, os pacientes economizam tempo e dinheiro", explicou o pesquisador da universidade alemã Bad Honnef (IUBH), Helmut Wachowiak, responsável do ITB.
O estudo destacou que as taxas de câmbio, o clima tropical e a presença de profissionais bilíngues permitiram um crescimento próximo aos 20% na América Latina, de acordo com os comparativos realizados pelo IPK World Travel Monitor.
A ONG Pacientes Sem Fronteiras (PSF) explica que o aumento do turismo médico na América Latina também está ligado à especialização.
"Cada país assumiu uma especialidade: Brasil, tratamentos estéticos; México, ligadura de trompas; Costa Rica, implantes glúteos; Colômbia, próteses de queixo e de seios; e Argentina, assistência em fertilidade e balão gástrico".
Com mais de 4.500 tratamentos cosméticos certificados, o Brasil é considerado o sexto destino mais popular e o segundo na realização de cirurgias plásticas no mundo. Em 2011 foram mais de 905 mil procedimentos e 542.090 tratamentos não cirúrgicos, segundo o terceiro Estudo Global de Procedimentos Estéticos realizado pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (Isaps).
"Estima-se que o Brasil possua 7.492 cirurgiões estéticos certificados", o que representa 23,4% "dos 32.000 que existem no mundo", informou à Agência Efe a secretária mundial do Isaps, a colombiana Lina Triana.
Já a Colômbia registrou nos últimos cinco anos um "crescimento significativo" do turismo de saúde, de 0,4 % a 0,8 %, "o que se traduz em lucros próximos a US$ 140 milhões", mostram os números da Agência para Promoção e Exportações da Colômbia (Proexport).
"Em comparação com a América do Norte, a Colômbia é 60%, até 70%, mais barata nos preços de tratamentos, e buscando ser o de melhor qualidade", explicou a entidade em declaração oficial.
A Proexport reconheceu que o principal desafio da Colômbia no mercado do turismo médico é "superar a imagem externa de violência, permitindo consolidar serviços de qualidade".
No México, a proximidade geográfica com os Estados Unidos, principal fonte de turistas médicos, e as certificações internacionais em ortopedia e rejuvenescimento facial causaram um aumento de 12% no número de tratamento estéticos, que chegaram a 800.000 no ano passado.
O Pacientes sem Fronteiras publicou que "mais de um milhão de pacientes hispânicos chegaram ao México em 2012, vindos principalmente de Califórnia, Arizona e Texas, nos Estados Unidos", principalmente pelas facilidades de deslocamento e "a tranquilidade de uma avaliação médica em seu próprio idioma".
No entanto, o governo mexicano reconheceu à imprensa local que "esta atividade ainda não está consolidada como um produto completo". Faltam planos de divulgação e há o aumento da violência no país.
Diante destes desafios comuns, alguns analistas envolvidos na realização do ITB sugeriram no relatório que a "América Latina deve tomar medidas para evitar um colapso, oferecendo altos padrões de qualidade, rapidez e preços competitivos". EFE