Henrique Meirelles e mercados: só sorrisos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
SÃO PAULO – O tão esperado anúncio da equipe econômica do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não trouxe novidades, mas convenceu o mercado com a divulgação de planos para setores estratégicos, como as contas públicas e a Previdência.
Meirelles destacou que ainda não tem todas as informações fiscais disponíveis, mas que todas as decisões e metas seriam estabelecidas de forma definitiva, sem as constantes revisões que trouxeram incertezas aos investidores.
“Foi, acima de tudo, bastante realista”, comenta Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.
O ministro confirmou a nomeação do economista Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central e defendeu a independência técnica da autoridade monetária, conforme era esperado.
Meirelles também anunciou que Mansueto de Almeida será secretário de acompanhamento econômico da Fazenda e cuidará das contas públicas. Também na Fazenda, Carlos Hamilton assumirá a secretaria de política econômica. “Hamilton será o formulador das políticas macroeconômicas que vão fundamentar as ações do governo federal”, declarou Meirelles.
Além deles, Marcelo Caetano assumirá a secretaria da Previdência e auxiliará Meirelles na formulação de uma proposta de reforma previdenciária que deve ser apresentada em 30 dias.
“É digna de nota a qualidade dos escolhidos pelo ministro como seus auxiliares diretos, tanto em relação aos novos nomes designados quanto aos atuais ocupantes das secretarias mantidos na equipe econômica, que sustentam a boa expectativa em relação às ações do ministério”, diz Murilo Portugal, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), em nota.
Olho no relógio
Todos os nomes e estratégias já eram amplamente aguardados pelos mercados, que já haviam precificado tais informações mesmo antes da confirmação. Mas o diabo mora nos detalhes e qualquer sinalização fora do script do subconsciente dos investidores poderia colocar toda a expectativa positiva por água abaixo.
Logo na abertura da coletiva de imprensa, Meirelles bateu o martelo definitivamente mostrando que se preocupa, também, com a repercussão de suas declarações no mercado.
Não que houvesse forte desconfiança sobre essa postura, mas havia resquícios de preocupação após mais de oito anos sob a gestão de Guido Mantega – o ministro da Fazenda mais longevo e cuja comunicação com o mercado suscitava críticas. Nelson Barbosa e Joaquim Levy também não conseguiram cair nas graças do mercado apesar do esforço deste último.
Anteriormente prevista para 11 horas, a coletiva foi antecipada para 8h30 e Meirelles abriu a conversa deixando claro que preferiu realizar o encontro com jornalistas antes do início do pregão.
“Foi muito boa essa questão de pensar na hora do anúncio acima de tudo. Ele deixou muito claro o respeito pelo mercado. Coisa que não se via anteriormente. Um movimento desse é considerado de muita importância para o cenário atual”, afirma Jason Vieira.