Buenos Aires, 1 jul (EFE).- O governo da Argentina acusou os fundos de investimento que lhe processaram em tribunais dos Estados Unidos de não querer negociar uma solução "justa e equitativa" a este litígio e de querer apropriar-se de dinheiro que pertence aos credores de dívida reestruturada.
"Os 'fundos abutres' não querem negociar. Querem se apropriar do dinheiro dos credores da troca", denunciou o Ministério da Economia em comunicado divulgado nesta terça-feira.
O governo de Cristina Kirchner lembrou que ontem a Argentina comunicou oficialmente sua decisão de participar no próximo dia 7 da reunião convocada pelo mediador no caso, Daniel Pollack, designado pelo juiz nova-iorquino Thomas Griesa, "como clara expressão de sua vontade de negociar de boa fé".
"No entanto, em um escrito apresentado no dia de hoje perante o juizado de Griesa, os 'fundos abutres' solicitaram expressamente que os fundos depositados pela Argentina, em compensação aos credores da reestruturação soberana de dívida de 2005 e 2010, não cheguem às mãos de seus legítimos donos, ou seja, aos detentores de bônus", afirmou o Ministério da Economia.
O juiz Griesa decidiu a favor dos fundos querelantes, que reivindicam à Argentina o pagamento de US$ 1,5 bilhão, entre capital e juros, por bônus em moratória desde 2001.
A sentença de Griesa freou o pagamento a detentores de bônus reestruturados que a Argentina devia realizar nesta segunda-feira.
Agora, o país sul-americano tem um mês para não ser declarado em moratória técnica por este descumprimento e, nesse prazo, procura negociar uma saída com os fundos querelantes.
No comunicado, o Ministério da Economia disse que o Bank of New York (BONY), que recebeu a totalidade do pagamento destinado aos credores de dívida reestruturada, "se opôs à proposta dos 'fundos abutres', perante as exigências realizadas por vários credores, já que os fundos lhes pertencem".
"Assim, o Bank of New York segue descumprindo sua obrigação por não ter pagado à totalidade dos credores", diz o comunicado.
"Isto demonstra que os 'fundos abutres' não querem chegar a uma solução justa, equitativa e legal que contemple os interesses do 100% dos credores. Apesar disso, a Argentina estará no dia 7 de julho na reunião proposta pelo mediador, Daniel Pollack", reafirmou o país sul-americano.