BRASÍLIA (Reuters) - O déficit em transações correntes do Brasil alcançou 4,166 bilhões de dólares em outubro, queda de 55,3 por cento sobre o mesmo mês do ano passado, dando sequência à melhora nas contas externas do país puxada pela balança comercial, em meio ao cenário de recessão econômica e dólar elevado.
Segundo informou o Banco Central nesta quinta-feira, o desempenho foi inteiramente coberto pelos Investimentos Diretos no País (IDP), que somaram 6,712 bilhões de dólares em outubro.
Analistas estimavam que o déficit na conta corrente seria de 3,7 bilhões de dólares em outubro, segundo pesquisa Reuters, e que o IDP ficaria em 6 bilhões de dólares.
Ainda segundo o BC, nos 12 meses encerrados em outubro, o déficit passou a 4,02 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), sobre 4,18 por cento do PIB indicado em setembro.
No mês, o recuo no déficit em transações correntes veio diretamente do resultado da balança comercial, com superávit de 1,879 bilhão de dólares, contra déficit de 1,481 bilhão de dólares em outubro de 2014.
Assim como nos meses anteriores, a economia em recessão e o dólar mais forte sobre o real vêm fazendo as importações caírem em ritmo mais acentuado que as exportações.
Num outro reflexo da crise econômica, as despesas líquidas de brasileiros com viagens internacionais somaram 549 milhões de dólares, queda de 66,4 por cento ante outubro de 2014. Ao mesmo tempo, as remessas de lucros e dividendos sofreram declínio de 13,9 por cento no período, a 2,259 bilhões de dólares, também ajudando a diminuir o déficit em conta corrente no mês
No acumulado de janeiro a outubro, o rombo nas contas externas foi de 53,475 bilhões de dólares, bem abaixo dos 83,379 bilhões de dólares de igual período do ano passado. Para o ano, o BC estima que o déficit será de 65 bilhões de dólares, contra saldo negativo de 104,076 bilhões de dólares em 2014.
Nos 10 primeiros meses do ano, o IDP também superou ligeiramente o saldo negativo na conta corrente, somando 54,923 bilhões de dólares. O BC projeta que país encerrará o ano com IDP de 65 bilhões de dólares.
"Os fluxos de investimento direto no país se mantêm, embora em níveis menores... mostrando continuidade do interesse de investidores estrangeiros no país e capacidade de financiar integralmente o déficit corrente", afirmou o chefe-adjunto do departamento Econômico do BC, Fernando Rocha.
(Por Marcela Ayres)