BANGUI, 29 Nov(Reuters) -
O Papa Francisco deu início à etapa final de sua primeira visita à República Centro-Africana, onde pretende deixar uma mensagem de reconciliação e paz a um país abalado por vários anos de violência entre muçulmanos e cristãos.
O Papa chegou ao país neste domingo sob o nível mais alto de segurança jamais visto em uma das suas viagens. No momento em que seu avião pousou na capital Bangui, helicópteros de ataque patrulhavam os céus e forças de paz das Nações Unidas e do Exército francês esperavam do lado de fora do aeroporto. Um soldado na ONU armado com fuzil acompanhou dentro de cada uma das vans usadas para transporte de repórteres acompanhando o Papa.
A visita à ex-colônia francesa é a primeira viagem do pontífice a uma zona de combate. Sua chegada está sendo bem recebida pela maioria cristã e por uma pequena porção muçulmana - ambos os grupos esperam que a presença do papa possa renovar o diálogo e aliviar as tensões.
O avião do papa pousou no aeroporto da capital Bangui por volta das 10h (09:00 GMT), onde foi recebido por dignitários, incluindo o arcebispo da cidade, Dieudonné Nzapalainga. Dezenas de crianças agitavam bandeiras com as cores do Vaticano, amarelo e branco.
Milhares de pessoas acompanharam a chegada do papa Francisco à capital da República Centro-Africana, onde acompanharam o itinerário papal. Centenas de escoteiros foram mobilizados para ajudar a controlar a multidão de fiéis.
Bangui tem presenciado um aumento nos confrontos, que deixaram ao menos 100 mortos desde o final de setembro, segundo a Human Rights Watch. Antes da chegada do pontífice, a segurança na cidade foi reforçada.
A França, que tem cerca de 900 soldados distribuídos pelo país, advertiu o Vaticano, no início do mês, que a visita poderia ser arriscada. O itinerário exato do Papa se manteve incerto até dias antes de sua chegada ao país.
Gabriel Ouamale, 33, que vende souvenirs em frente à catedral de Bangui, incluindo camisetas e guarda-chuvas que levam a imagem do papa, disse que as vendas só alavancaram na semana passada. "Havia pessoas que duvidavam, que disseram que talvez ele não viesse devido à situação no país. Mas agora as pessoas sabem que ele está vindo", disse ele.
São esperadas milhares de pessoas para a missa deste domingo na catedral de Bangui. Outros deverão partir de diversas partes do país e enfrentar rebeldes e pontos de inspeção de milícias para chegar a Bangui. Já os fiéis da vizinha República Democrática do Congo irão atravessar o rio Ubangi em pirogas para ter um vislumbre do papa.
O governo da República Centro-Africana está mobilizando cerca de 500 policiais e gendarmes para garantir a visita do papa. Mais de 3.000 soldados de paz da missão MINUSCA da ONU também serão mobilizados, assim como as tropas francesas estarão em alerta. De acordo com o general Bala Keita, comandante da MINUSCA, a missão teve como objetivo eliminar potenciais trocas de informações entre os grupos armados da cidade, além de realizar operações para melhorar o quanto possível a segurança.
"Nós trouxemos o banditismo e ataques a civis ao nível mais baixo possível, mas Bangui não é segura. Isso é fato", disse ele.
(Por Joe Bavier)