Por Brad Haynes
SÃO PAULO (Reuters) - O GPA, maior rede varejista do Brasil, planeja cortar investimentos em 2016 para o que pode ser o nível mais baixo em sete anos e fechar mais lojas diante da ameaça de agravamento da mais profunda recessão econômica no país em 25 anos. O presidente-executivo da companhia, Ronaldo Iabrudi, disse a jornalistas nesta quarta-feira que os investimentos no próximo ano cairão para "pouco mais de 1 bilhão de reais", forte recuo frente aos 1,7 bilhão projetados para 2015.
A estratégia do GPA confirma os temores de muitos economistas de que os investimentos no Brasil cairão ainda mais no próximo ano, com o aumento do desemprego, aceleração da inflação e uma crise política que agrava a confiança dos empresários.
Os investimentos da gigante de varejo saltaram de cerca de 700 milhões de reais em 2009 para cerca de 1,2 bilhão de reais em 2010-2012 e chegaram perto de 1,9 bilhão de reais em 2013 e 2014.
"A economia está ruim e no próximo ano parece pior", disse Iabrudi. "Estamos baseando os planos no pior cenário."
O vice-presidente financeiro, Christophe José Hidalgo, acrescentou que o GPA será pragmático sobre os investimentos e que o grupo poderá investir mais ou menos, dependendo da perspectiva econômica e da lucratividade de cada negócio.
O foco dos investimentos será em cerca de 12 novas lojas da bandeira de atacarejo Assaí, junto com mais lojas de conveniência e cerca de 15 reformas em hipermercados Extra mais antigos, disse Iabrudi.
A Via Varejo (SA:VVAR11), rede de eletroeletrônicos do grupo, ficou ausente das perspectivas de investimento. Iabrudi disse que o grupo pode decidir fechar mais lojas na divisão no início do próximo ano.
A Via Varejo já teve fechamentos líquidos de 21 lojas no acumulado deste ano até setembro. A força de trabalho do GPA caiu cerca de 11 por cento no período ante um pico de 160 mil funcionários em janeiro.
Demanda fraca vai pesar sobre o crescimento das vendas em mesmas lojas no próximo ano, disse Iabrudi, acrescentando que eficiência administrativa deve minimizar a pressão sobre a margem bruta em várias bandeiras do grupo.
Iabrudi disse que as maiores chances de crescimento significativo virão de potenciais aquisições e acrescentou que o GPA está protegendo caixa para aproveitar eventuais oportunidades apresentadas por rivais.
"No Brasil, o maior crescimento vem durante a crise", disse. "No varejo de alimentos, nós pensamos que existem várias cadeias regionais que vão enfrentar problemas pela frente ... Nossa equipe de fusões e aquisições está olhando para quem quer fazer um acordo."