(Atualiza com declarações de um funcionário do FMI).
Washington, 6 out (EFE).- A economia brasileira seguirá sendo o
principal motor da recuperação na América Latina em 2010, com
crescimento de 7,5%, enquanto, em 2011, deve arrefecer um pouco e
crescer 4,1%, como estimou hoje o Fundo Monetário Internacional
(FMI).
Em seu relatório semestral Perspectivas Econômicas Mundiais,
publicado hoje, o FMI melhora as previsões de crescimento do país
para este ano, que superam em 0,04% os calculados em julho (7,1%),
quando o organismo efetuou uma revisão para cima do que havia
previsto em abril (5,5%).
Por outro lado, o crescimento previsto para 2011, de 4,1%, é
0,01% inferior ao projetado em abril. O FMI destacou a "robusta
recuperação" registrada no bloco de países que lideram o crescimento
na América Latina, liderado pelo Brasil e formado também por Chile,
Colômbia e Peru.
Atribui essa recuperação às "impressionantes melhorias" nas
políticas macroeconômicas ao longo das duas últimas décadas, além de
uma política monetária flexível, ao fácil acesso ao financiamento
externo e aos elevados preços das matérias-primas.
O organismo rebaixou a previsão de aumento do IPC do país, que
crescerá 5% em 2010 - 0,04% menos do calculado em julho - e 4,6% em
2011.
Com relação ao desemprego, os analistas do Fundo preveem que o
índice será de 7,2% neste ano e de 7,5% no ano seguinte.
A conta corrente brasileira seguirá acumulando déficit de 2,6% do
PIB em 2010, e de 3% em 2011, em contraste com os balanços positivos
de alguns de seus vizinhos da região, como Argentina, Venezuela e
Bolívia.
Para minimizar os riscos de valorização da divisa, o organismo
dirigido por Dominique Strauss-Khan recomenda uma maior austeridade
fiscal no país, que ajudará reduzir "a vulnerabilidade derivada da
dívida pública".
Em entrevista coletiva posterior à apresentação do relatório, o
economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, indicou que o Brasil,
como outros países emergentes, devem buscar o equilíbrio externo,
deixando que suas moedas se apreciem frente às dos países
desenvolvidos.
Os crescentes fluxos de capital que os países emergentes estão
recebendo tendem a reequilibrar a situação, pois exercem pressão
para que ocorra uma valorização das divisas.
Blanchard alertou para o perigo de os países "fecharem as portas"
ou controlarem a entrada de capital para evitar a valorização da
moeda.
O recomendável para o Brasil e para outros países, disse, é
"dirigir este fluxo para onde for mais útil, para não provocar a
criação de uma bolha financeira, como vimos no passado".
O Brasil deu sinal verde, na semana passada, a uma medida para
aumentar em 4% o imposto aplicado por investidores estrangeiros que
compram bônus locais com o objetivo de frear o empurrão de sua
moeda. EFE