VARSÓVIA/WASHINGTON (Reuters) - Parlamentares poloneses aprovaram, nesta quinta-feira, um projeto de lei que penaliza sugestões de qualquer cumplicidade da Polônia com o Holocausto nazista que ocorreu em seu território durante a Segunda Guerra Mundial, desafiando críticas de Israel e dos Estados Unidos.
A proposta desencadeou uma disputa diplomática entre Israel e o governo conservador de Varsóvia desde sua aprovação inicial na câmara baixa do Parlamento na última semana, com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comparando-a com uma tentativa de mudar a história.
O Departamento de Estado norte-americano pediu, na quarta-feira, que a Polônia reconsidere o projeto de lei, expressando preocupação sobre as consequências que pode ter no relacionamento entre Varsóvia, Estados Unidos e Israel se a proposta se tornar lei.
Sob o projeto de lei, infratores enfrentariam 3 anos de prisão por mencionar "campos de extermínio poloneses", mas pesquisas científicas sobre a Segunda Guerra Mundial não seriam limitadas.
A Polônia tem lutado contra o uso da expressão em alguns veículos da mídia ocidental por anos, argumentando que a frase sugere que o Estado polonês foi ao menos parcialmente responsável pelos campos, onde milhões de pessoas, principalmente judeus, foram assassinados pela Alemanha nazista.
Os campos foram construídos e operados pelos nazistas depois da invasão em 1939 da Polônia, que abrigou a maior comunidade judaica da Europa na época.
"Temos que enviar um sinal claro para o mundo de que nós não vamos permitir que a Polônia continue a ser insultada", disse Patryk Jaki, vice-ministro de Justiça, a repórteres no Parlamento.
(Reportagem de Justyna Pawlak em Varsóvia e Mohammad Zargham em Washington)