Arena do Pavini - A Moody’s América Latina Ltda. (“Moody’s”) elevou o rating das notas seniores (Debêntures de Infraestrutura) da mineradora Vale (SA:VALE3) de Ba1 para Baa3. Os ratings Aaa.br (escala nacional) permanecem inalterados. Ao mesmo tempo, a Moody’s atribuiu ratings de emissor Baa3 (escala global) e Aaa.br (escala nacional) à Vale e retirou os ratings corporativos Ba1 (escala global) e Aaa.br (escala nacional) da companhia. A perspectiva para todos os ratings é estável.
A elevação dos ratings da Vale reflete a melhoria contínua de suas métricas de crédito, baseado na melhora do perfil de produção e redução nos níveis de endividamento absoluto, diz a agência em relatório. A conclusão do projeto S11D possibilitou um aumento substancial na produção de baixo custo, ao passo que o aumento do foco no blending de minério de ferro de melhor qualidade e maiores prêmios deram suporte à lucratividade da empresa.
A geração de fluxos de caixas mais fortes e os investimentos de capital menores em comparação com os registrados antes de 2016 resultaram em fluxos de caixas livres positivos, que esperamos que serão mantidos até 2020 se os preços do minério de ferro continuarem dentro dos nossos níveis de sensibilidade de preços no médio prazo (US$45-US$75/tonelada).
Além disso, as iniciativas de redução de dívida da Vale (meta de dívida líquida de US$ 10 bilhões) reduziram materialmente a alavancagem, que recuou, em base ajustada, de um pico de 5,6x no fim de 2015 para 1,5x nos últimos 12 meses encerrados em março de 2018. “Esperamos que a alavancagem permaneça em 1x-1,5x se os preços do minério de ferro continuarem em torno de US$ 60/tonelada”, diz a Moody’s.
Os níveis de dívida mais baixos, a maior capacidade de produção, operações com custos menores e a boa liquidez da Vale permitirão também que a companhia mantenha uma posição mais robusta em meio à volatilidade dos preços de commodities.
A elevação também incorpora o acordo assinado em 25 de junho de 2018 entre a Vale, BHP e as autoridades brasileiras, relacionado às responsabilidades de remediação em relação à Samarco, afirma a Moody’s. Assim, o acordo extinguiu a ação pública civil de R$ 20 bilhões e indeferiu alguns pedidos de uma ação civil pública de R$ 155 bilhões que se sobrepõe a reivindicações já endereçadas sob o acordo assinado em março de 2016.
Samarco
Embora a Samarco e seus acionistas possam incorrer montantes superiores aos já contemplados pelas provisões, o novo acordo reduz significativamente riscos de liquidez e de métricas de crédito, quando comparados aos valores estabelecidos inicialmente. Os ratings da Vale continuam a refletir o risco de longo prazo representado pelas incertezas em relação ao nível de suporte que a Vale oferecerá à Samarco ou pelo resultado dos litígios existentes e seu impacto na liquidez e no perfil da dívida da companhia.
Os ratings Baa3 da Vale continuam apoiados em sua base diversificada de produtos e sua posição competitiva de custos, bem como pela carteira substancial de ativos com reservas de longo prazo de minério de ferro, níquel, cobre e carvão. Apesar da diversificação geográfica e de commodities da companhia, suas operações de minério de ferro no Brasil e sua presença relevante nos mercados de minério de ferro transoceânico continuam a ser fonte dominante de receita, resultados e fluxo de caixa da companhia. Os ratings contemplam a abordagem mais disciplinada da Vale para alocação de capital, distribuição de dividendos, vendas de ativos não estratégicos, manutenção da posição competitiva de custos e foco na redução de dívida, que melhor posicionam a Vale para enfrentar a volatilidade dos preços de seus principais produtos.
Preços dos metais
A Vale permanece exposta ao preço do minério de ferro e dos metais básicos, alerta a Moody’s. As taxas de crescimento econômico mais robustas em 2017, contribuíram para um aumento do consumo dos metais básicos e do minério de ferro e para um rally dos preços. Poderá haver uma correção moderada dos preços do minério de ferro no médio prazo, baseada na oferta adicional de minério de ferro de baixo custo no mercado bem como nas restrições ambientais na China. Isso poderia aumentar os custos operacionais dos processos de alto-forno (BOF) em comparação com os de fornos elétrico (EAF), favorecendo o consumo de sucata em detrimento do minério de ferro. Quaisquer indicações de uma desaceleração da demanda por minério de ferro, particularmente da China, poderia levar a uma correção de preços no médio prazo.
A perspectiva estável para os ratings reflete a expectativa da Moody’s de que a Vale manterá fortes métricas de crédito e seu foco contínuo em rentabilidade e eficiência de custos, com disciplina financeira em relação aos investimentos em expansão e distribuição de dividendos.
Por Arena do Pavini