(Reuters) - Serap, uma atendente de 23 anos de uma loja de roupas no centro de Istambul, tem certeza sobre quem culpar pelo declínio acentuado na moeda turca. "Essa crise é criada pela América", disse.
A lira desvalorizou mais de 35 por cento contra o dólar neste ano e alcançou uma nova mínima nesta sexta-feira, seu maior declínio diário desde a crise financeira turca de 2001.
Os preços dos alimentos, alugueis e combustíveis na Turquia subiram. A operadora estatal de oleodutos elevou na semana passada o preço do gás natural para produção de eletricidade em 50 por cento.
Os sentimentos de Serap sobre as causas da crise são compartilhados por muitos turcos e sinalizam por que o apoio ao presidente Tayyip Erdogan, que venceu a reeleição em junho com poderes presidenciais elevados, parece intocado, ao menos por enquanto.
Seus leais apoiadores veem a liquidação na moeda como uma tentativa dos Estados Unidos de abalar a Turquia e seu presidente.
"Se eles têm seus dólares, nós temos nossas pessoas, nosso Deus", disse Erdogan em um discurso durante esta madrugada, classificando a queda da lira como uma campanha contra o país.
Os comentários dominaram a mídia pró-governo nesta sexta-feira. Jornais e redes de televisão têm classificado a crise da lira como um assalto político, decorrente de sanções impostas pelos EUA sobre dois ministros turcos na última semana em uma divergência sobre a prisão de um pastor evangélico norte-americano, Andrew Brunson.